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IMIGRAÇÃO
Presidente elogia os imigrantes em anúncio de medidas, vistas com desconfiança pela oposição democrata
Bush promete visto temporário a imigrantes ilegais
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Com um discurso elogioso endereçado a cerca de 35 milhões de
imigrantes que vivem nos EUA, o
presidente norte-americano,
George W. Bush, anunciou ontem
uma série de medidas para facilitar a integração de pessoas ilegais
vivendo hoje no país.
O plano geral anunciado ontem
contempla algumas propostas do
opositor Partido Democrata e foi
considerado pelos adversários do
presidente como uma tentativa de
ampliar sua popularidade entre
os imigrantes neste ano eleitoral.
"O trabalho dos imigrantes foi
uma das principais razões que levaram os EUA à posição de primeira potência do mundo", disse
Bush, na Casa Branca, diante de
uma centena de representantes de
grupos de defesa dos imigrantes.
Os imigrantes representam hoje
cerca de 12% da população dos
EUA (290 milhões) e 14% da força
de trabalho. Em 2000, Bush obteve apenas 35% dos votos da comunidade hispânica, tradicionalmente mais democrata, decisiva
hoje em Estados fundamentais
como Califórnia e Flórida.
"Gostaria de acreditar que o envolvimento do presidente nesse
tema fundamental seja genuíno,
não apenas uma conversão em
ano eleitoral", afirmou o senador
democrata Ted Kennedy.
O tom crítico também foi adotado por alguns dos nove pré-candidatos democratas à eleição.
Os democratas afirmam que há
meses Bush poderia ter determinado a aprovação, no Congresso,
de algumas medidas que já contam com o apoio republicano.
Algumas entidades pró-imigrantes temem que Bush repita
este ano o que fez na campanha
de 2000. Na época, prometeu várias políticas de cooperação na
área com o governo do México, de
onde vem a maior parte dos imigrantes. Os planos nunca saíram
do papel, e os atentados do 11 de
Setembro foram usados como
principal justificativa.
O presidente mexicano, Vicente
Fox, elogiou o plano de Bush, com
quem conversou ontem.
A principal medida anunciada
ontem, que ainda depende de
aprovação do Congresso, inclui a
emissão de vistos temporários de
três anos (prorrogáveis por mais
três) a ilegais ou novos imigrantes
que chegarem ao país com um
trabalho já acertado. Podem inclusive trazer a família, se provarem que podem sustentá-la.
O empregador que se dispuser a
contratar um ilegal terá de provar
que não há americanos dispostos
a ocupar a vaga, se comprometer
a pagar um piso baseado no salário mínimo e recolher contribuições à Previdência. O programa
visa atender os estimados (oficialmente) 8 milhões de ilegais vivendo nos EUA. Outras estimativas
falam em até 14 milhões.
Para John Wahala, do Centro
para Estudos da Imigração, "é
possível pensar que o ano eleitoral
tenha tido forte peso na decisão
de anunciar o plano agora".
Wahala afirma que dificilmente
o plano poderá ter resultados extensos, por dois motivos: muitos
empregadores que contratam ilegais o fazem para pagar salários
menores do que o mínimo exigido por lei e a maioria dos ilegais
que entra nos EUA não tem a intenção de deixar o país no futuro.
Os imigrantes que puderem se
enquadrar como "trabalhadores
temporários legais" poderão solicitar vistos de residência permanentes. Mas os que não obtiverem
os documentos, terão de deixar os
EUA no final do visto.
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