São Paulo, segunda-feira, 08 de janeiro de 2007

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Bush não terá "cheque em branco", afirma democrata

Líder da oposição avisa que envio de soldados ao Iraque terá que passar pelo Congresso

No Reino Unido, Tony Blair divulgou comunicado em que qualifica execução de Saddam Hussein como "totalmente equivocada"

DA REDAÇÃO

A nova presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, afirmou ontem que os democratas, agora com maioria no Congresso, não darão a George W. Bush "um cheque em branco" para enviar mais soldados ao Iraque.
Bush anunciará nesta semana sua nova estratégia para o Iraque. No momento, os EUA mantêm cerca de 135 mil soldados no país árabe, e funcionários do governo indicaram que o plano inclui o envio de até cinco brigadas adicionais (cerca de 20 mil homens).
Os jornais "The New York Times" e "The Washington Post" informaram em suas edições de ontem que o aumento do efetivo deverá ser acompanhado de uma verba de US$ 1 bilhão para financiar obras públicas no Iraque e assim gerar empregos.
Desde os ataques do 11 de Setembro até agora, o Congresso já aprovou cerca de US$ 500 bilhões as guerras no Afeganistão e no Iraque. A proposta orçamentária para 2007, a ser enviada ao Legislativo no dia 5 de fevereiro, deve incluir um pedido de mais US$ 100 bilhões.
"Se o presidente optar por uma escalada da guerra em sua proposta orçamentária, queremos ver com clareza quanto se vai destinar ao apoio das tropas que já se encontram no Iraque", disse Pelosi no programa "Face the Nation", da rede CBS.
Nas eleições legislativas de novembro passado, os democratas recuperaram, pela primeira vez em 12 anos, o controle das duas casas do Congresso. "A opinião pública espera ver alguma diferença após as eleições. O presidente precisa ouvir a mensagem da população. Não deveríamos no meter numa guerra sem fim", disse Pelosi. "Os cidadãos e o Congresso apóiam as tropas. Não vamos abandoná-las", acrescentou.
"Mas, se o presidente quiser colocar mais homens nessa missão, terá de justificá-lo, e isso é algo novo para ele, pois até agora o Congresso tinha maioria republicana e deu-lhe um cheque em branco, sem supervisão, sem normas, sem condições", concluiu a líder.
Mais de 3.000 soldados dos EUA já morreram no Iraque. Pesquisas mostram que a maioria da população agora é contrária à guerra e deseja o retorno das tropas.
As Forças Armadas enfrentam escassez de soldados prontos para combater. Os democratas dizem que apóiam uma resolução que autorize o aumento de soldados nas forças regulares, desde que isso não implique enviar mais homens para o Iraque.

Plano de segurança
O governo iraquiano planeja reforçar suas tropas na capital para lançar uma grande ofensiva contra as milícias e os esquadrões da morte. Segundo fontes do governo, combatentes curdos deverão ser trazidos a Bagdá para aumentar o efetivo e ajudar na empreitada.
O premiê Nuri al Maliki anunciou o plano no último sábado, prometendo agir "independentemente de seitas ou de política", sugerido que agiria também contra os grupos xiitas, majoritários no governo.
A violência sectária tem produzido centenas de mortes por semana, especialmente em Bagdá. Trazer segurança para a capital é visto como um passo fundamental para evitar uma guerra civil de larga escala.

Blair
No Reino Unido, o escritório do premiê Tony Blair divulgou comunicado em que o dirigente afirma acreditar que a maneira pela qual o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein foi executado foi "totalmente equivocada". Outros ministros, incluindo Gordon Brown, o provável sucessor de Blair, também fazem críticas ao enforcamento.


Com agências internacionais


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