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Lei pode abrir setor petrolífero a estrangeiros
DANNY FORTSON, ANDREW MURRAY-WATSON e TIM WEBB
DO "INDEPENDENT"
A maciça reserva petrolífera
do Iraque, terceira maior do
mundo, está prestes a ser aberta à exploração em grande escala por petrolíferas ocidentais,
sob os termos de uma lei controversa que deverá ser submetida à apreciação do Parlamento iraquiano nos próximos dias.
O governo dos EUA está envolvido na redação da lei, e o
"Independent" teve acesso a
uma versão preliminar desta
no domingo. A lei proposta dará a grandes empresas como
British Petroleum, Shell e Exxon contratos de 30 anos de vigência para extração do petróleo e permitirá a primeira operação de interesses petrolíferos
estrangeiros em grande escala
no país desde a nacionalização
do setor, em 1972.
Os enormes prêmios potenciais a serem auferidos por firmas ocidentais vão dar munição aos críticos para os quais a
guerra do Iraque foi travada pelo petróleo.
Analistas e executivos do setor petrolífero dizem que a lei,
que autorizará empresas ocidentais a embolsarem até três
quartos dos lucros nos primeiros anos, é a única maneira de
fazer o setor petrolífero iraquiano se reerguer, após anos
de sanções, guerra e perda de
know-how. Mas ela vai operar
por meio de "acordos de partilha de produção", que são muito incomuns no Oriente Médio,
onde os setores petrolíferos da
Arábia Saudita e do Irã, os dois
maiores produtores do mundo,
são controlados pelo Estado.
Adversários do projeto de lei
dizem que o Iraque, onde o petróleo é responsável por 95%
da economia, está sendo forçado a abrir mão de um grau inaceitável de soberania.
Defensores da lei disseram
que o dispositivo que autoriza
as companhias a ficarem com
até 75% dos lucros continuará
em vigor até que as empresas
tenham recuperado os custos
de abertura de poços. Depois
disso, segundo fontes do setor
no Iraque, elas recolheriam
cerca de 20% de todos os lucros. Mas mesmo isso é mais
que o dobro da média praticada
em contratos desse tipo.
Greg Muttitt, pesquisador do
grupo ambiental e de direitos
humanos Platform, que monitora o setor petrolífero, disse
que está se pedindo ao Iraque
que pague um preço enorme
durante os próximos 30 anos
por sua instabilidade atual. "Os
iraquianos sairiam perdendo
maciçamente", disse ele, "porque, neste momento, não têm
condições de fechar um negócio vantajoso para eles."
O governo iraquiano espera
que a lei entre em vigor até
março deste ano. "Ela representa uma reformulação de todo o setor petrolífero iraquiano, para adequar-se a um padrão moderno", disse Khaled
Salih, porta-voz do Governo
Regional Curdo, que acompanhou as negociações.
Consta que nos últimos meses várias grandes companhias
petrolíferas teriam enviado
equipes ao Iraque para negociar contratos antes da assinatura da lei, mas considera-se
pouco provável que as maiores
empresas invistam no país enquanto a violência sectária não
diminuir ali.
James Paul, diretor-executivo do Global Policy Forum, organização que monitora governos internacionais, disse: "Não
é exagero afirmar que a maioria
avassaladora da população se
oporia a isto. Aprovar a lei de
qualquer maneira, sem uma
discussão mínima no Parlamento iraquiano, na realidade
equivale a derramar mais óleo
sobre o fogo".
Tradução de CLARA ALLAIN
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