São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Bush faz viagem a mundo árabe descrente

Presidente também passará por Israel e pressionará pelos primeiros pontos de acordo com os palestinos

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush embarca hoje em viagem a sete capitais do Oriente Médio, em meio à descrença sobre a possibilidade de resultados diplomáticos concretos.
O ceticismo não é provocado apenas pela fraqueza da atual administração -Guerra do Iraque, agressividade do Irã, último ano de mandato-, mas também pela fragilidade política de alguns interlocutores, como o primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, que em junho perdeu a faixa de Gaza para o Hamas.
Quanto ao conflito entre palestinos e Israel, Abbas disse ontem, em Belém, que pedirá que Bush pressione Israel a retirar os assentamentos judaicos da Cisjordânia para viabilizar o território de um futuro Estado palestino.
Olmert disse que os "assentamentos ilegais" seriam desmontados de modo "expedito". Mas ele e Abbas não falam da mesma coisa. Enquanto o premiê israelense se refere a assentamentos não autorizados, os palestinos acreditam que toda ocupação da Cisjordânia, segundo resoluções antigas da ONU, é ilegal.
O grupo Paz Agora, que se opõe à ocupação de terras palestinas, diz haver 50 assentamentos irregulares, no sentido que Olmert dá à palavra. Bush qualifica esse processo de colonização de "obstáculo" para a paz.
A ministra israelense do Exterior, Tzipi Livni, disse ontem que Israel continuará com operações militares para garantir sua segurança, mesmo durante as negociações. Ainda nesta segunda-feira soldados israelenses mataram dois terroristas do Jihad Islâmico na fronteira com Gaza -uma delas era uma mulher-bomba que se explodiu ao tentar atravessar para o lado israelense- e um terceiro palestino em Jenin, Cisjordânia.
O "Washington Post" diz que Bush terá dificuldades em selar uma aliança contra o Irã, em razão do relatório dos serviços de inteligência americanos de que aquele país cessou em 2003 seu programa nuclear paralelo para a obtenção da bomba atômica. Israel discorda, e seu ministro da Defesa, Ehud Barak, diz que interpelará Bush.

Desconfiança sunita
Segundo o "Post", os países árabes da região, quase todos sunitas, acreditam que Bush, enfraqueceu o Iraque ao invadi-lo para derrubar Saddam Hussein e permitiu que o Irã, xiita, aumentasse sua influência regional. Os xiitas hoje controlam a política iraquiana.
A Arábia Saudita, que hospedou em Meca o presidente Mahmoud Ahmadinejad, e o Egito, que recebeu dos iranianos a oferta de tecnologia nuclear, estão em processo de reaproximação com Teerã.
Em entrevista ao jornal israelense "Yediot Ahronot", Bush disse que um dos objetivos de sua viagem era o de demonstrar que o Irã é e continua a ser uma ameaça.
Em Washington, o porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, disse que Bush não modificará seus planos em razão de um vídeo postado na internet no domingo, em que a Al Qaeda exortava os radicais islâmicos a receberem com bombas o presidente americano.


Com agências internacionais


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