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Falta de gás já afeta indústria na Europa
Paralisação total do fluxo pelos gasodutos ucranianos agrava desabastecimento; cortes afetam 16 países, 11 deles da UE
Bulgária fecha escolas por falta de gás; UE diz que a disputa entre Kiev e Moscou já não é "apenas comercial" e passa a monitorar dutos
DA REDAÇÃO
O fluxo nos dutos ucranianos
que levam gás russo para a Europa parou totalmente ontem,
intensificando a crise de abastecimento provocada pelas disputas entre Kiev e Moscou. A
falta de gás, crucial para a indústria e o aquecimento de edifícios, levou a paralisações em
várias fábricas do leste europeu. Os cortes atingem 16 países, 11 deles da União Europeia.
Na Bulgária, escolas foram
fechadas e 45 mil casas ficaram
sem aquecimento central, a
temperaturas abaixo de 0C.
Eslováquia e Romênia estão
sob estado de emergência. Sem
fornecedores alternativos e
com estoques baixos, o Leste
Europeu foi o mais atingido pela crise, que afeta o continente
em um dos invernos mais frios
das últimas décadas.
"A Rússia deixou a Europa
sem gás. O trânsito [nos gasodutos ucranianos] é zero", disse
ontem a estatal Naftogaz. A
Gazprom diz que os cortes são
uma reação ao desvio, por Kiev,
de gás destinado à Europa desde a suspensão das exportações
para o país, em 1º de janeiro, em
meio a impasse comercial.
Inicialmente relutante em
intervir, a UE elevou ontem o
tom das cobranças e enviou observadores para monitorarem
o envio de gás. Pelos dutos
ucranianos passam 80% das exportações russas para o bloco.
O premiê tcheco, Mirek Topolanek, disse já não considerar a disputa "questão meramente comercial" e cobrou a
normalização do abastecimento até hoje. A Gazprom e a ucraniana Naftogaz são empresas
estatais e "o que quer que façam sofre influência política",
disse Topolanek, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE.
As negociações entre as estatais fracassaram no final do ano
passado, em meio ao impasse
sobre o valor a ser pago pelo gás
em 2009, a taxa de transporte e
dívidas contestadas por Kiev.
A Naftogaz pagava em 2008 a
tarifa preferencial de US$
179,50 por mil metros cúbicos
de gás, contra US$ 500 cobrados na Europa, e rejeitou a proposta elevar o valor para US$
250. A companhia exigiu também aumento na taxa de transporte, provocando ultraje da
Gazprom, que aumentou o preço oferecido para US$ 418.
Diante de nova recusa ucraniana, exige agora US$ 450.
A estatal ucraniana, que se
reúne hoje com a Gazprom,
também retirou sua oferta máxima, de US$ 235. Rivais unidos
pela animosidade contra Moscou, o presidente ucraniano,
Viktor Yushchenko, e a premiê
Yulia Tymoshenko exigem tarifa de US$ 201. Os subsídios ao
gás ucraniano passaram a ser
questionados pelo Kremlin
após a ruptura política com
Kiev, que levou a aumentos nas
taxas de transporte.
Com agências internacionais
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