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VISÃO ÁRABE
"Fronteiras do Estado palestino são o problema"
DA REDAÇÃO
O analista americano de origem
árabe Hafez Malik, professor do
Instituto de Oriente Médio da
Universidade Villanova, nos
EUA, afirma que o encontro de
hoje pode ter alguns progressos,
mas que os temas mais complexos, como a questão dos refugiados, o status final de Jerusalém e
as fronteiras de um futuro Estado
não estarão em pauta. Leia a seguir a entrevista concedida por telefone à Folha.
(GC)
Folha - O sr. está otimista com o
encontro no Egito?
Hafez Malik - Em negociações
envolvendo israelenses e palestinos o melhor é não ser nem otimista nem pessimista. Precisamos esperar. Haverá algum progresso, como um cessar-fogo. É o
passo inicial, mais simbólico.
Folha - Pode ser que o encontro
seja o início da retomada do processo de paz e o fim da Intifada?
Malik - O processo de paz somente será retomado quando os
dois lados se sentarem e discutirem todos os temas pendentes.
Folha - A ausência de Iasser Arafat facilita o diálogo?
Malik - Sharon e Bush culpavam
Arafat pela violência e pela Intifada, com alguma razão. Agora, os
dois gostam de Abbas. O problema será quando chegar o momento de negociar as fronteiras
do Estado palestino.
Folha - Como serão as fronteiras,
na sua opinião?
Malik - Sharon primeiramente
retirará os assentamentos de Gaza. Depois buscará apoio dos
americanos para manter os assentamentos na Cisjordânia. Os palestinos não terão outra opção a
não ser negociar para tentar obter, em troca, parte do território
de Israel, para que a Cisjordânia e
a faixa de Gaza fiquem mais próximas, com áreas contíguas.
Folha - O Hamas aceitaria isso?
Malik - Talvez não aceite, mas
não há muito o que fazer.
Folha - E a questão dos refugiados, qual a saída? E Jerusalém?
Malik - Os palestinos defenderão
que os refugiados que têm familiares vivendo no que hoje é Israel
possam voltar para as suas casas.
Os demais poderiam ser assentados no futuro Estado ou nos países em que vivem. Já Jerusalém
Oriental precisa ser palestina.
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