São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Dois atentados suicidas matam 15 civis e 12 policiais; grupo terrorista ligado à Al Qaeda reivindica ações

Pior dia pós-eleições deixa 27 mortos

Mauricio Lima/France Press
Crianças recolhem balas jogadas por soldados dos EUA na cidade de Mossul, onde um homem-bomba matou 12 policiais iraquianos


DA REDAÇÃO

Pelo menos 27 pessoas morreram, entre elas 15 civis, em dois ataques suicidas cometidos ontem no Iraque, no dia mais sangrento vivido pelo país desde as históricas eleições realizadas no dia 30 de janeiro. Outras duas pessoas foram mortas em diferentes atos terroristas.
Ambos os atentados suicidas cometidos ontem foram reivindicados, em mensagem enviada a uma página na internet, pelo grupo do terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, ligado à Al Qaeda, de Osama bin Laden.
No primeiro, um carro-bomba explodiu na entrada da principal delegacia de polícia de Baquba, ao norte de Bagdá, matando 15 civis e ferindo 17.
Impedido de entrar na instalação policial por uma barreira de concreto, o motorista detonou o veículo na entrada, matando somente civis.
O segundo atentado ocorreu em Mossul, também no norte, e foi cometido por um homem-bomba que se infiltrou entre um grupo de policiais que esperava o pagamento de seus salários em um hospital. Ao acionar o cinturão de explosivos que carregava, matou 12, destruiu pelo menos cinco carros e deixou uma cratera no chão. "Ouvi uma explosão e, quando fui ver o que ocorrera, encontrei corpos espalhados por todo lado", contou o diretor do hospital, Tahseen Ali Mahmoud al Obeidi, à agência Associated Press.
Outros dois ataques completaram o dia de violência no Iraque. Ainda em Mossul, a terceira maior cidade do país, onde os ataques de insurgentes têm sido quase diários, uma pessoa morreu e três ficaram feridas quando um morteiro foi disparado contra a sede da prefeitura local.
Em outra ação, o grupo radical Ansar al Sunna, que afirma ter participado do seqüestro do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Jr., anunciou ter matado um iraquiano que trabalhava como tradutor para o Exército americano.
Em um vídeo divulgado pelo grupo na internet, o refém aparece fazendo um apelo para que outros tradutores iraquianos não trabalhem para as forças de ocupação. Em seguida é vendado e morto com um tiro na cabeça.
Apesar do contínuo derramamento de sangue, o ministro do Interior provisório do Iraque, Falah al Naqib, previu que a segurança interna no país estará totalmente restabelecida num prazo de 18 meses.
Falando numa conferência sobre contraterrorismo na Arábia Saudita, ele também se queixou de que alguns países vizinhos não estão mantendo suas fronteiras fechadas à passagem de combatentes interessados em se aliar à insurgência antiamericana.
Um dos principais líderes da coalizão xiita que deve vencer a eleição iraquiana, Ibrahim Jaafari, chefe do partido Dawa, defendeu a manutenção das forças estrangeiras no país. "É prematuro pedir sua saída agora", disse Jafaari, um dos favoritos para assumir o cargo de premiê. "Se as forças multinacionais se retirarem agora, o Iraque terá um banho de sangue. Acredito 100% nisso."
Em artigo publicado pelo jornal "The Washington Post", o ex-inspetor David Kay, que liderou as buscas que comprovaram que o Iraque não possuía as armas ilícitas que serviram para justificar a invasão americana, alertou Washington a não repetir o mesmo erro em relação ao Irã.
"Armas nucleares nas mãos do Irã representariam um grave risco para o mundo", escreveu Kay. "Mas há dúvidas sobre a capacidade do governo americano de avaliar honestamente o status nuclear iraniano e de elaborar medidas que lidem com a ameaça."
O governo iraniano nega as acusações de Washington de que apóia o terrorismo e de que seu programa nuclear tenha como objetivo o desenvolvimento de armas. Na semana passada, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, descartou um ataque ao país, afirmando que a via diplomática continua sendo a melhor opção.
Com agências internacionais

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