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HISTÓRIA
Agência promete reconhecer vínculos no pós-guerra
CIA cede e aceita abrir arquivos sobre suas relações com nazistas
DOUGLAS JEHL
DO ""NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
Pressionada pelo Congresso
americano, a CIA (agência de inteligência) acatou formalmente
uma nova e ampla interpretação
de uma lei de 1998 que exige que
sejam abertos arquivos sigilosos
relacionados a criminosos de
guerra nazistas.
Ao aceitar a decisão, a CIA inverteu a posição legal segundo a
qual, anteriormente, vinha argumentando que a lei exigia a abertura apenas dos arquivos ligados a
crimes de guerra, não a criminosos, e que não se aplicava a informações sobre as relações mantidas pela agência com ex-nazistas
após a guerra.
A CIA prometeu explicitamente, pela primeira vez, "reconhecer
qualquer vínculo" entre a agência
e integrantes da SS (a tropa de elite nazista), independentemente
da existência ou não de informações vinculando os últimos especificamente a crimes de guerra.
A CIA também concordou que
documentos "relativos a atos cometidos por criminosos de guerra
nazistas, incluindo membros da
SS, em nome da CIA", são relevantes e, sob os termos da lei, estão sujeitos a serem trazidos a público.
Mas ainda não ficou claro se a
CIA vai concordar em entregar
todos os registros que o grupo de
trabalho do governo encarregado
de rever os arquivos pede, que podem chegar a centenas de milhares de páginas. A agência possui o
poder de reivindicar isenção da lei
para alguns materiais, sob a alegação de que contêm informações
sensíveis demais para serem levadas a público.
Até agora a agência já levou a
público mais de 1,2 milhão de páginas de documentos, embora a
grande maioria destes sejam da
agência que a precedeu durante a
Segunda Guerra Mundial, o OSS
(Office of Strategic Services).
Anteontem, um porta-voz da
CIA disse que a reação da agência
à lei foi ""um processo metódico,
conduzido ao longo de anos, de
revisão e desclassificação de documentos".
""A CIA já trouxe a público todas
as informações constantes de seus
arquivos sobre crimes de guerra e
também materiais sobre relações
entre criminosos de guerra e a inteligência americana", disse o
porta-voz. ""Em vista da importância de que seja compreendido
esse capítulo da história, a agência
se apressou em desclassificar esses
registros, em cumprimento de
sua obrigação legal de proteger
fontes e métodos da inteligência."
A lei de 1990 que criou o grupo
de trabalho do governo previu
que a CIA deveria ""localizar, identificar, inventariar, recomendar
para desclassificação e disponibilizar para o público, na Administração Nacional de Arquivos e Registros, todos os registros classificados como sigilosos referentes a
criminosos de guerra nazistas nos
Estados Unidos".
Previa-se que o mandato do
grupo de trabalho terminaria em
março passado, mas, no ano passado, o Congresso o ampliou por
um ano para dar tempo à comissão e à CIA resolverem a disputa.
Como parte de sua nova interpretação, a CIA disse em sua mensagem que vai pedir ao Congresso
que o mandato seja prorrogado
mais uma vez.
O senador republicano de Ohio
Mike DeWine elogiou a ação da
CIA, que descreveu como avanço
de importância maior numa disputa que vem sendo travada de
maneira reservada há mais de
dois anos. Na semana passada,
DeWine presidiu uma reunião,
que descreveu como ""muito franca", com representantes da CIA
para tratar do assunto. Ele tinha
ameaçado convocar o diretor da
agência, Porter J. Goss, para depor publicamente sobre a questão.
Tradução de Clara Allain
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