São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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JAPÃO

Sobreviventes de Hiroshima no Brasil ganham US$ 24 mil

RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de Hiroshima terá que pagar US$ 24 mil (cerca de R$ 50 mil) a três sobreviventes, residentes no Brasil, da bomba atômica lançada sobre a cidade japonesa em 1945.
O valor é referente à ajuda de custo para gastos com saúde a que eles tinham direito como sobreviventes. Mas a legislação local só oferecia o benefício aos residentes no Japão.
A Associação das Vítimas de Bomba Atômica no Brasil obteve a vitória na última terça na Corte Suprema do Japão.
O aposentado Teruo Hosokawa, 82, o agricultor Mitsugu Horioka, 83, e o comerciante Shoji Mukai imigraram para o Brasil em 1956. Mas Mukai morreu em dezembro passado aos 79 anos.
Dos 255 sobreviventes que vieram para o Brasil, apenas 135 estão vivos, e a maior parte já recebe uma pensão média de US$ 250 mensais.
"Nos anos 50, como todo o Japão estava destruído, os sobreviventes das bombas atômicas não tinham atenção especial", disse à Folha Yasuko Saito, 59, porta-voz da Associação de Vítimas da Bomba Atômica no Brasil. "Só com a persistência das seqüelas da radiação é que programas especiais foram criados", conta.
Desde os anos 60, os sobreviventes no Japão foram isentos de contribuição médica para o governo, e aqueles com seqüelas passaram a receber a ajuda de custo.
Os sobreviventes na Coréia do Sul começaram a exigir o mesmo direito em 1960, e os que moravam nos EUA, nos anos 70. Em 1984, os sobreviventes no Brasil criaram sua associação.
Após 2002, para finalmente obter a ajuda mensal, os japoneses radicados no Brasil precisavam ir até o Japão, passar por entrevistas, exames e buscar testemunhas para comprovar que estavam em Hiroshima até duas semanas após o lançamento da bomba. Os três autores da ação foram ao país de origem em 2002, receberam atendimento e a pensão, mas deixaram de recebê-la ao retornarem ao Brasil.
No ano passado, essa exigência foi extinta, e o sobrevivente já pode ter sua documentação pronta no Brasil.
Lançada em 6 de agosto de 1945 sobre Hiroshima, a primeira bomba atômica matou 140 mil pessoas. Três dias depois, outra bomba, sobre Nagasaki, matou 74 mil.


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