São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Manifestação de mineiros bloqueia centro de La Paz

Protesto consegue revogar aumento de impostos para o setor proposto por Morales

Manifestantes explodem dinamites no centro da capital, ocupado desde terça-feira; dois policias ficam levemente feridos

DA REDAÇÃO

Dois policiais saíram feridos ontem em La Paz do segundo dia de protestos de milhares de mineiros contrários a um plano do governo do presidente Evo Morales para subir os impostos do setor, em mais uma crise política envolvendo manifestações e bloqueios na Bolívia. No início da noite, os dois lados chegaram a um acordo com o recuo da medida.
De acordo com o ministro de Governo (Interior), Alfredo Rada, "grupos radicalizados" de mineiros agrediram a golpes dois agentes e mantiveram "como reféns por poucos minutos" outros quatro policiais, além de reter duas motocicletas das forças de segurança.
O acordo alcançado entre Morales e os dirigentes da poderosa Federação de Cooperativas Mineiras (Fencomin) congela imediatamente o aumento tributário, com o compromisso de "buscar mecanismos para melhorar a arrecadação fiscal do setor mineiro".
Do lado de fora, ao menos 10 mil mineiros mantinham o protesto no centro da capital boliviana, bloqueando, pelo segundo dia consecutivo, a circulação de veículos na região. Como é costume nos protestos de mineiros, foram explodidas várias cargas de dinamite. Com o acordo, os manifestantes começaram a se desmobilizar.
O mineiros conseguiram paralisar um projeto de lei que previa o aumento de até 70% do Imposto Complementar à Mineração, apesar de Morales ter oferecido congelar a medida no caso das cooperativas, que têm cerca de 50 mil filiados e até recentemente eram consideradas aliados do presidente.
Segundo o governo boliviano, do mais de US$ 1 bilhão gerado pela exportação de minérios no ano passado, o fisco ficou com apenas US$ 45 milhões. Com o aumento, Morales esperava arrecadar US$ 80 milhões anualmente.
Além da extinção da medida, os mineiros ligados às cooperativas exigiam a demissão do ministro do setor, Guillermo Dalence, que, em outubro, substituiu Walter Villarroel, alto dirigente das cooperativas.
Villarroel foi retirado do cargo depois de um violento enfrentamento entre mineiros cooperados e assalariados pelo controle de uma mina, com um saldo de 16 mortos.
Esta é a terceira crise provocada por protestos somente neste ano. Em janeiro, manifestantes pró-Morales bloquearam a cidade de Cochabamba (centro) exigindo a saída do governador Manfred Reyes Villa. Na semana passada, moradores de Camiri (sudeste) paralisaram um gasoduto exigindo uma "verdadeira nacionalização" dos hidrocarbonetos. Nesses dois casos, houve intervenção militar.


Com agências internacionais


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