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EUA apoiaram ação de Uganda no Congo
Com autorização pessoal de Bush, militares americanos proveram auxílio a ataque contra grupo rebelde em dezembro
Atrasada por neblina, ação não produziu o resultado esperado, e o grupo visado se dispersou, matando cerca de 900 civis em represália
JEFFREY GETTLEMAN
ERIC SCHMITT
DO "NEW YORK TIMES"
As Forças Armadas dos EUA
ajudaram a planejar e financiaram o ataque a um grupo rebelde de Uganda refugiado no nordeste da República Democrática do Congo realizado no mês
de dezembro. Mas a operação
não saiu como o esperado, e rebeldes dispersaram-se por vilarejos vizinhos, massacrando
estimados 900 civis.
O ataque foi liderado pelo
Exército de Uganda e tinha como objetivo reprimir o LRA
(Exército de Libertação do Senhor, na sigla em inglês), um
grupo sediado em um parque
nacional congolês que havia recusado um acordo de paz com o
governo ugandense. Mas os líderes rebeldes escaparam, formando grupos menores que
continuaram atacando os civis.
O pedido foi feito pelo governo ugandense à Embaixada dos
EUA em Campala e, em novembro, chegou ao então presidente George W. Bush, que autorizou pessoalmente o envolvimento dos EUA, segundo um
ex-membro do seu governo.
Militares americanos relataram que um grupo de 17 analistas do Pentágono e do novo Comando África forneceram telefones e imagens de satélite, inteligência e US$ 1 milhão em
combustível. O plano inicial era
bombardear a localização do
grupo e então atacar cerca de
700 rebeldes com mais de
6.000 soldados em terra.
Na véspera da operação, houve um último encontro entre
americanos e ugandenses perto
da fronteira com o Congo. Segundo militares ugandenses, a
neblina atrasou a ação por algumas horas, acabando com o elemento surpresa. Quando helicópteros bombardearam o alvo, o local já estava vazio.
Os soldados ugandenses chegaram por terra ao local bombardeado dias depois e recolheram alguns telefones satelitais
e armas, destruíram um centro
de controle e suprimento de comida e libertaram cerca de cem
crianças sequestradas.
Forças americanas em nenhum momento envolveram-se no front. Mas soldados de
Uganda e Congo -que também
participou do ataque- foram
acusados por ativistas de direitos humanos e moradores locais de não fazer nada para proteger os civis, apesar do histórico de serem alvos de represálias dos rebeldes.
Segundo um militar dos
EUA, as decisões foram todas
tomadas pelos africanos. Os
americanos alegaram que apenas deram sugestões e apresentaram alternativas, sem poder
decisório no episódio.
O LRA agora vaga pela conflagrada região nordeste do
Congo, movendo-se de vilarejo
em vilarejo, deixando um rastro de moradias incineradas e
crânios amassados. Testemunhas disseram que os rebeldes
sequestraram centenas de
crianças, os mais recentes recrutas do exército de escravos.
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