São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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EUA apoiaram ação de Uganda no Congo

Com autorização pessoal de Bush, militares americanos proveram auxílio a ataque contra grupo rebelde em dezembro

Atrasada por neblina, ação não produziu o resultado esperado, e o grupo visado se dispersou, matando cerca de 900 civis em represália

JEFFREY GETTLEMAN
ERIC SCHMITT

DO "NEW YORK TIMES"

As Forças Armadas dos EUA ajudaram a planejar e financiaram o ataque a um grupo rebelde de Uganda refugiado no nordeste da República Democrática do Congo realizado no mês de dezembro. Mas a operação não saiu como o esperado, e rebeldes dispersaram-se por vilarejos vizinhos, massacrando estimados 900 civis.
O ataque foi liderado pelo Exército de Uganda e tinha como objetivo reprimir o LRA (Exército de Libertação do Senhor, na sigla em inglês), um grupo sediado em um parque nacional congolês que havia recusado um acordo de paz com o governo ugandense. Mas os líderes rebeldes escaparam, formando grupos menores que continuaram atacando os civis.
O pedido foi feito pelo governo ugandense à Embaixada dos EUA em Campala e, em novembro, chegou ao então presidente George W. Bush, que autorizou pessoalmente o envolvimento dos EUA, segundo um ex-membro do seu governo.
Militares americanos relataram que um grupo de 17 analistas do Pentágono e do novo Comando África forneceram telefones e imagens de satélite, inteligência e US$ 1 milhão em combustível. O plano inicial era bombardear a localização do grupo e então atacar cerca de 700 rebeldes com mais de 6.000 soldados em terra.
Na véspera da operação, houve um último encontro entre americanos e ugandenses perto da fronteira com o Congo. Segundo militares ugandenses, a neblina atrasou a ação por algumas horas, acabando com o elemento surpresa. Quando helicópteros bombardearam o alvo, o local já estava vazio.
Os soldados ugandenses chegaram por terra ao local bombardeado dias depois e recolheram alguns telefones satelitais e armas, destruíram um centro de controle e suprimento de comida e libertaram cerca de cem crianças sequestradas.
Forças americanas em nenhum momento envolveram-se no front. Mas soldados de Uganda e Congo -que também participou do ataque- foram acusados por ativistas de direitos humanos e moradores locais de não fazer nada para proteger os civis, apesar do histórico de serem alvos de represálias dos rebeldes.
Segundo um militar dos EUA, as decisões foram todas tomadas pelos africanos. Os americanos alegaram que apenas deram sugestões e apresentaram alternativas, sem poder decisório no episódio.
O LRA agora vaga pela conflagrada região nordeste do Congo, movendo-se de vilarejo em vilarejo, deixando um rastro de moradias incineradas e crânios amassados. Testemunhas disseram que os rebeldes sequestraram centenas de crianças, os mais recentes recrutas do exército de escravos.


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