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"Tea Party" abraça Palin como símbolo
Ex-candidata a vice encerra convenção de movimento conservador dos EUA e defende absorção de suas ideias pelos republicanos
Opositora tenta mostrar que está mais preparada em temas de política externa e de defesa do que quando integrou chapa à Casa Branca
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE (EUA)
De pé, a plateia cantava "concorra, Sarah, concorra". No último dia da convenção nacional
do movimento popular conservador americano "Tea Party", o
salão lotado vibrou com o esforço da ex-candidata a vice-presidente republicana Sarah
Palin de retornar como candidata viável no cenário nacional,
o que ela fez com um discurso
que misturou ataques ao presidente Barack Obama e fórmulas vagas para a defesa do país.
O jantar de encerramento da
convenção, anteontem em
Nashville, marcou a primeira
grande apresentação política
de Palin, após a derrota de sua
chapa na eleição de 2008.
"A América está pronta para
a próxima revolução", disse Palin, em endosso à proposta do
movimento de "expurgar" progressistas e moderados de Washington nas eleições legislativas de novembro. "O "Tea
Party" está deixando os partidos [Democrata e Republicano] apavorados. Republicanos
seriam espertos se o absorvessem tanto quanto possível."
As maiores TVs do país
transmitiram o discurso ao vivo, enquanto mais de cem jornais, sites e rádios americanos e
internacionais se amontoavam
para reportar a ocasião.
Boa parte da fala foi centrada
em política externa e defesa,
pontos em que Palin recebeu as
maiores críticas por despreparo quando concorreu à Vice-Presidência. "Nossos soldados
são uma força do bem pelo
mundo afora, e não há nada pelo que se desculpar", afirmou.
Ela falou de Irã ("é hora de
sanções") e da tentativa de ataque frustrado em um voo americano no Natal. "Ficou claro
que o sistema não está funcionando. Precisamos de um comandante em chefe, não de um
professor de direito."
Também bateu nos pacotes
de estímulo econômico aprovados por Obama e no deficit iniciado no governo George W.
Bush (2001-2009). "Washington substituiu a irresponsabilidade privada pela irresponsabilidade pública."
Reações
Apesar do discurso mais sofisticado do que os de antigas
falas de campanha, Palin manteve o tom populista com soluções pouco claras.
Ao falar de segurança nacional, disse que seu plano para
"os terroristas" é simples: "Nós
vencemos, eles perdem". Ao
enumerar suas prioridades se
fosse presidente, citou "revitalizar o espírito americano".
Ainda escorregou ao dizer
que o mundo vê o Estado que
governou até o ano passado, o
Alasca -em vez dos EUA- como símbolo de esperança.
"Ninguém deveria levar a sério conselhos de segurança de
uma pessoa que disse ao mundo em 2008 que suas qualificações na área eram baseadas no
fato de que ela podia ver a Rússia a partir de seu Estado", rebateu o porta-voz democrata
Brad Woodhouse, mencionando uma das mais famosas gafes
de Palin na corrida eleitoral.
Para os ativistas do "Tea
Party", porém, a fala foi "inspiradora". "Ela nos instiga a trabalhar pela causa", disse Donna
Fike, 72. "É real e sincera."
Fike diz que adoraria se Palin
concorresse à Presidência, mas
crê que ela vai preferir um papel secundário -opinião difundida entre os presentes.
A convenção foi organizada
em tentativa de transformar o
ativismo apaixonado do "Tea
Party" em ação política de impacto real. Segundo os organizadores, 600 pessoas pagaram
até US$ 549 para participar
-número que inchou para
1.100 com a venda de ingressos
a US$ 349 apenas para o banquete em que Palin discursou.
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