São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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"Tea Party" abraça Palin como símbolo

Ex-candidata a vice encerra convenção de movimento conservador dos EUA e defende absorção de suas ideias pelos republicanos

Opositora tenta mostrar que está mais preparada em temas de política externa e de defesa do que quando integrou chapa à Casa Branca

ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE (EUA)

De pé, a plateia cantava "concorra, Sarah, concorra". No último dia da convenção nacional do movimento popular conservador americano "Tea Party", o salão lotado vibrou com o esforço da ex-candidata a vice-presidente republicana Sarah Palin de retornar como candidata viável no cenário nacional, o que ela fez com um discurso que misturou ataques ao presidente Barack Obama e fórmulas vagas para a defesa do país.
O jantar de encerramento da convenção, anteontem em Nashville, marcou a primeira grande apresentação política de Palin, após a derrota de sua chapa na eleição de 2008.
"A América está pronta para a próxima revolução", disse Palin, em endosso à proposta do movimento de "expurgar" progressistas e moderados de Washington nas eleições legislativas de novembro. "O "Tea Party" está deixando os partidos [Democrata e Republicano] apavorados. Republicanos seriam espertos se o absorvessem tanto quanto possível."
As maiores TVs do país transmitiram o discurso ao vivo, enquanto mais de cem jornais, sites e rádios americanos e internacionais se amontoavam para reportar a ocasião.
Boa parte da fala foi centrada em política externa e defesa, pontos em que Palin recebeu as maiores críticas por despreparo quando concorreu à Vice-Presidência. "Nossos soldados são uma força do bem pelo mundo afora, e não há nada pelo que se desculpar", afirmou.
Ela falou de Irã ("é hora de sanções") e da tentativa de ataque frustrado em um voo americano no Natal. "Ficou claro que o sistema não está funcionando. Precisamos de um comandante em chefe, não de um professor de direito."
Também bateu nos pacotes de estímulo econômico aprovados por Obama e no deficit iniciado no governo George W. Bush (2001-2009). "Washington substituiu a irresponsabilidade privada pela irresponsabilidade pública."

Reações
Apesar do discurso mais sofisticado do que os de antigas falas de campanha, Palin manteve o tom populista com soluções pouco claras.
Ao falar de segurança nacional, disse que seu plano para "os terroristas" é simples: "Nós vencemos, eles perdem". Ao enumerar suas prioridades se fosse presidente, citou "revitalizar o espírito americano".
Ainda escorregou ao dizer que o mundo vê o Estado que governou até o ano passado, o Alasca -em vez dos EUA- como símbolo de esperança.
"Ninguém deveria levar a sério conselhos de segurança de uma pessoa que disse ao mundo em 2008 que suas qualificações na área eram baseadas no fato de que ela podia ver a Rússia a partir de seu Estado", rebateu o porta-voz democrata Brad Woodhouse, mencionando uma das mais famosas gafes de Palin na corrida eleitoral.
Para os ativistas do "Tea Party", porém, a fala foi "inspiradora". "Ela nos instiga a trabalhar pela causa", disse Donna Fike, 72. "É real e sincera."
Fike diz que adoraria se Palin concorresse à Presidência, mas crê que ela vai preferir um papel secundário -opinião difundida entre os presentes.
A convenção foi organizada em tentativa de transformar o ativismo apaixonado do "Tea Party" em ação política de impacto real. Segundo os organizadores, 600 pessoas pagaram até US$ 549 para participar -número que inchou para 1.100 com a venda de ingressos a US$ 349 apenas para o banquete em que Palin discursou.


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