São Paulo, segunda-feira, 08 de fevereiro de 2010

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Estudo questiona números da violência em NY

Ex-policiais dizem a pesquisadores que dados são manipulados para simular redução de criminalidade

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Um estudo realizado com mais de cem capitães e altos funcionários aposentados da Polícia de Nova York indica que a pressão para mostrar resultados satisfatórios na redução da criminalidade fez com que os funcionários passassem a manipular as estatísticas.
Os entrevistados afirmaram, por meio de questionários, ter conhecimento de uma série de mudanças "eticamente inadequadas" nas queixas de crimes nas diversas categorias medidas pelo programa CompStat, segundo reportagem do "New York Times".
Lançado em 1994, o projeto CompStat era baseado no registro computadorizado e análise de dados criminais, além da troca de ideias entre representantes da cúpula da polícia, investigadores e policiais.
A redução da criminalidade em Nova York e a manutenção de baixos índices se tornaram bandeiras do ex-prefeito Rudolph Giuliani e do atual, Michael Bloomberg. A política de "tolerância zero" de Giuliani resultou, segundo a prefeitura, em uma queda de 57% nos crimes em geral.
O governo do Rio de Janeiro chegou a anunciar a contratação de Giuliani como consultor de segurança pública, mas desistiu por conta do preço alto.
Um dos problemas da pesquisa é que os dados não permitem identificar em qual momento ou em qual governo ocorreram as irregularidades.
De acordo com a pesquisa, realizada pelos pesquisadores John Eterno (capitão aposentado da Polícia de Nova York) e Eli Silverman, os policiais aposentados disseram que alguns comandantes e supervisores pesquisavam na internet e em catálogos para buscar preços de itens roubados.
Caso a pesquisa indicasse um valor menor do que o que foi relatado pela vítima, usavam a quantia mais baixa, de modo a reduzir os índices de roubo significativo, com valor superior a US$ 1.000. Em outros casos, policiais eram enviados para o local do crime para convencer as vítimas a não apresentar queixas ou mudar seu relato para crimes menos graves.
O porta-voz da Polícia de Nova York, Paul Browne, desqualificou a pesquisa e disse que outros dois estudos já realizados indicam a confiabilidade das estatísticas.


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