São Paulo, terça-feira, 08 de fevereiro de 2011

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REVOLTA ÁRABE

Lula, agora, apoia queda de Mubarak
Ex-presidente, que elogiou ditador durante visita ao Egito em 2003, acusou as "grandes potências" de sustentar seu regime

Chanceler brasileiro desmente afirmação de ministro sobre apoio do Brasil a movimento que tenta derrubar ditador

BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A DACAR
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

O ex-presidente Lula disse apoiar o movimento que tenta tirar do poder o ditador egípcio Hosni Mubarak.
Ele elogiou os protestos e acusou as "grandes potências" de terem sustentado o regime. "Há muito tempo todo o mundo sabia que era preciso voltar à democracia no Egito", disse ele em Dacar (Senegal), onde participou do Fórum Social Mundial.
Em viagem oficial ao país árabe, em dezembro de 2003, o então presidente brasileiro tinha outra opinião sobre Mubarak. "O presidente Mubarak é um homem preocupado com a paz no mundo, com o fim dos conflitos, com o desenvolvimento e com a justiça social", disse Lula na época, durante a visita.
Ontem, ele criticou o silêncio de líderes mundiais diante da ditadura egípcia.
"As pessoas se incomodam com Cuba, com o [Hugo] Chávez [presidente da Venezuela] e deixam de citar que o Mubarak estava lá há 32 anos [na verdade, 30]", afirmou.
Sem mencionar a própria atuação na Presidência, ele disse que o levante nas ruas do Cairo demonstra a "falência da política externa das grandes potências".
"De repente, ficam surpresas quando acontece uma movimentação da sociedade. A sociedade se manifesta porque quer respirar."
"O que está acontecendo no Egito é simples: água mole em pedra, dura tanto bate até que fura. Chegou uma hora em que o povo falou: "Eu existo, quero participar.'"

PATRIOTA
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, afirmou ontem que "não existem posições individuais" no governo Dilma a respeito da crise no Egito, e que a preocupação de Brasília é atuar para "não exacerbar tensões" na região.
Ele havia sido questionado sobre as declarações do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), anteontem no Senegal, de que o Brasil estava "disposto a apoiar esses movimentos" egípcios que pedem a queda de Mubarak.
Sem mencionar o ministro Carvalho, o chanceler afirmou que "é preciso tomar muito cuidado com as declarações para que não haja interferência indevida".


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