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AMÉRICA LATINA
"Os terroristas hoje matam civis na Colômbia; amanhã matarão no Brasil", diz o presidente colombiano
Brasil pode virar Colômbia, alerta Uribe
ANDRÉ SOLIANI
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, alertou ontem, em Brasília, que o Brasil poderá ter os
mesmos problemas que a Colômbia enfrenta hoje em relação ao
terrorismo e o narcotráfico.
"Os terroristas hoje não se importam com a Constituição colombiana. Amanhã não se importarão com a brasileira. Os terroristas hoje matam civis na Colômbia. Amanhã matarão no Brasil",
disse Uribe, que se encontrou
com o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
"Se não detivermos o terrorismo, que hoje está destruindo a
Amazônia colombiana, em alguns anos ele destruirá toda a
Amazônia brasileira", afirmou o
presidente colombiano.
Lula se comprometeu com Uribe a "combater por todos os
meios" as ameaças à paz e à segurança causadas pelo terrorismo.
O governo não especificou que
meios seriam esses.
Apesar do compromisso público, divulgado em comunicado
conjunto após uma reunião de
trabalho com Uribe, o Brasil não
associou diretamente o terrorismo ao narcotráfico ou às Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, principal grupo
guerrilheiro e terrorista do país),
conforme desejava o país vizinho.
Diferentemente de seu colega
colombiano, Lula falou em terrorismo apenas uma vez em seu discurso de improviso e preferiu se
concentrar na área comercial.
"Saia do Brasil com a certeza de
que somos parceiros políticos,
culturais, comerciais e parceiros
para acabar com a violência na
Colômbia e no Brasil", disse Lula
a Uribe, após prometer "solidariedade total no combate ao terrorismo e ao narcotráfico".
Sem menção ao terror
A posição brasileira, que evita a
classificação de qualquer grupo
como terrorista, prevaleceu. Nem
Lula nem a declaração conjunta
fizeram menção direta à existência de tais grupos. Limitaram-se a
falar de "terrorismo" e "atos terroristas". Porém, o Brasil não
conseguiu que a Colômbia se manifestasse sobre a iminente guerra
contra o Iraque, assunto ao qual
Lula tem se dedicado nas últimas
semanas, pregando o desarmamento pacífico.
Uribe pediu apoio à comunidade internacional para combater o
narcotráfico. "A Colômbia, sozinha, não pode enfrentar o problema", disse ele, elogiando o apoio
norte-americano, visto com desconfiança pelo Brasil, especialmente pelo caráter militar.
Nenhum dos dois presidentes
detalhou a cooperação para combater o narcotráfico e o terrorismo, que inclui o fornecimento de
dados do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Uribe não descartou, no futuro,
a intermediação brasileira numa
negociação entre o governo e as
guerrilhas. Afirmou, no entanto,
que os grupos guerrilheiros não
deram nenhuma demonstração
de disposição para negociar. "Não
tenho opção", disse ele, sobre o
confronto militar.
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