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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Desânimo marca reação árabe

DA REDAÇÃO

Sentimentos de descrédito e desânimo foram a reação dos países de maioria muçulmana sobre a presença dos EUA em Bagdá.
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Farouq al Shara, afirmou ontem que os EUA perderam "política e moralmente" o conflito no Iraque.
"Mesmo que os Estados Unidos vençam a guerra em uma ou duas semanas, um ou dois meses ou um ou dois anos, eles já perderam política e moralmente", disse Shara em entrevista ao jornal italiano "Corriere della Sera". "Essa guerra é e será uma catástrofe e, pela frente, só vejo caos", completou.
Shara não se mostrou impressionado com as imagens de tropas dos EUA por Bagdá. "Eles perderam nas ruas de todo o mundo, de Los Angeles a Jacarta, de Londres a Sydney."
Frases como essas foram comuns em outros países da região. Para o presidente da União dos Escritores Árabes, Ali Oqla Orsan, a incursão por Bagdá é "uma parada de propaganda".
Já no Egito, o Sindicato de Advogados do Cairo começou o recrutamento de voluntários pouco depois da notícia ter sido veiculada.
"É uma guerra psicológica", afirmou o voluntário Abdelfattah, 41. "Se é verdade, é uma estratégia militar. As forças americanas estão indo para uma armadilha."
Em outras capitais árabes, como Beirute (Líbano) ou Mascate (Omã), populares assistiram às notícias e disseram acreditar mais nas palavras do ministro das Informações iraquiano, Mohammed Said al Sahaf, do que nas reportagens dos canais CNN e Fox.
Ao ouvir as negativas do governo de Saddam Hussein, um grupo em Omã levantou-se aos gritos de "Alá é grande".
"Os iraquianos vão lutar por Bagdá", disse Faisal bin Mohammed, um funcionário público de Mascate. "Algo vai acontecer e vai surpreender todo o mundo."
Já outros receberam resignados a notícia. "Se for verdade, é bem frustrante", comentou o ativista Hassan al-Aali, que chefia no vizinho Bahrein o Comitê Nacional de Ajuda ao Povo Iraquiano.
No Irã, a rádio estatal anunciou a tomada dos palácios de Saddam como "o começo do fim de seu regime". Mesmo com o ressentimento pela Guerra Irã-Iraque (1980-88), muitos iranianos demonstraram solidariedade aos vizinhos. A polícia de Teerã ontem dispersou manifestantes que atiravam pedras e fogos de artifício contra a embaixada britânica. Já na sagrada cidade de Qom, próxima à fronteira com o Iraque, 3.000 líderes religiosos e estudantes de teologia queimaram bandeiras dos EUA e do Reino Unido. As escolas foram fechadas em protesto.


Com agências internacionais


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