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Desânimo marca reação árabe
DA REDAÇÃO
Sentimentos de descrédito e desânimo foram a reação dos países
de maioria muçulmana sobre a
presença dos EUA em Bagdá.
O ministro das Relações Exteriores da Síria, Farouq al Shara,
afirmou ontem que os EUA perderam "política e moralmente" o
conflito no Iraque.
"Mesmo que os Estados Unidos
vençam a guerra em uma ou duas
semanas, um ou dois meses ou
um ou dois anos, eles já perderam
política e moralmente", disse Shara em entrevista ao jornal italiano
"Corriere della Sera". "Essa guerra é e será uma catástrofe e, pela
frente, só vejo caos", completou.
Shara não se mostrou impressionado com as imagens de tropas dos EUA por Bagdá. "Eles
perderam nas ruas de todo o
mundo, de Los Angeles a Jacarta,
de Londres a Sydney."
Frases como essas foram comuns em outros países da região.
Para o presidente da União dos
Escritores Árabes, Ali Oqla Orsan,
a incursão por Bagdá é "uma parada de propaganda".
Já no Egito, o Sindicato de Advogados do Cairo começou o recrutamento de voluntários pouco
depois da notícia ter sido veiculada.
"É uma guerra psicológica",
afirmou o voluntário Abdelfattah,
41. "Se é verdade, é uma estratégia
militar. As forças americanas estão indo para uma armadilha."
Em outras capitais árabes, como
Beirute (Líbano) ou Mascate
(Omã), populares assistiram às
notícias e disseram acreditar mais
nas palavras do ministro das Informações iraquiano, Mohammed Said al Sahaf, do que nas reportagens dos canais CNN e Fox.
Ao ouvir as negativas do governo de Saddam Hussein, um grupo
em Omã levantou-se aos gritos de
"Alá é grande".
"Os iraquianos vão lutar por
Bagdá", disse Faisal bin Mohammed, um funcionário público de
Mascate. "Algo vai acontecer e vai
surpreender todo o mundo."
Já outros receberam resignados
a notícia. "Se for verdade, é bem
frustrante", comentou o ativista
Hassan al-Aali, que chefia no vizinho Bahrein o Comitê Nacional
de Ajuda ao Povo Iraquiano.
No Irã, a rádio estatal anunciou
a tomada dos palácios de Saddam
como "o começo do fim de seu regime". Mesmo com o ressentimento pela Guerra Irã-Iraque
(1980-88), muitos iranianos demonstraram solidariedade aos vizinhos. A polícia de Teerã ontem
dispersou manifestantes que atiravam pedras e fogos de artifício
contra a embaixada britânica. Já
na sagrada cidade de Qom, próxima à fronteira com o Iraque, 3.000
líderes religiosos e estudantes de
teologia queimaram bandeiras
dos EUA e do Reino Unido. As escolas foram fechadas em protesto.
Com agências internacionais
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