São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / POLÍTICA EXTERNA

Mesmo sem acordo, Bush envia TLC ao Congresso

Tratado com a Colômbia tem oposição democrata e derrubou assessor de Hillary

Sindicatos americanos são contrários a pacto com país sul-americano, em protesto por violência contra colegas e por temerem desemprego

DA REDAÇÃO

Um dia depois de o Tratado de Livre Comércio (TLC) entre Colômbia e EUA ganhar proeminência na campanha eleitoral americana, o presidente George W. Bush pediu aos parlamentares que aprovem o acordo, cujo envio ao Congresso ele autorizou ontem.
"Este tratado fará avançarem os interesses da segurança nacional americana em uma região crítica, fortalecerá um corajoso aliado em nosso hemisfério, ajudará a economia e os trabalhadores americanos", disse Bush, no apelo pela aprovação do TLC, que enfrenta oposição de muitos parlamentares da oposição democrata, que tem maioria na Câmara. A presidente da Casa, a democrata Nancy Pelosi, reafirmou sua determinação de não deixar passar o texto como está.
A Casa Branca vinha fazendo esforços para articular a aprovação do acordo desde o mês passado, mas já se cogitava que Bush o enviaria ao Congresso mesmo sem compromisso prévio de apoio bipartidário.
A oposição democrata ao TLC deve-se a sua relação com os sindicatos dos EUA, muitos dos quais são contra o tratado devido ao que consideram esforços insuficientes do governo de Álvaro Uribe na contenção da violência contra sindicalistas colombianos. Há ainda o receio de o acordo afetar o nível de emprego nos EUA.
O peso da questão para os democratas ficou claro anteontem, quando Mark Penn deixou a função de estrategista-chefe da campanha da pré-candidata Hillary Clinton. O episódio que culminou na demissão de Penn teve início no fim da semana passada, quando ele se desculpou publicamente por ter se reunido com a embaixadora da Colômbia nos EUA, Carolina Barco, para discutir o TLC.
O encontro foi qualificado por Penn como um erro. No sábado, a Colômbia encerrou o contrato que tinha com a Burson-Marsteller, empresa de lobby na qual Penn trabalha.
Hillary reafirmou ontem que votará contra o TLC e pediu a seus colegas senadores "que façam o mesmo". A senadora se disse decepcionada com a decisão do presidente Bush de enviar o acordo ao Congresso.
Uma vez que o TLC chegue aos parlamentares, eles terão até 90 sessões para aprová-lo ou rejeitá-lo. A expectativa do governo é de que o texto seja votado até setembro -antes, portanto, das eleições presidenciais de novembro.

Artigo
A campanha de Bush pela aprovação do tratado incluiu um artigo da secretária de Estado, Condoleezza Rice, publicado na edição de ontem do "Wall Street Journal". No texto, Rice defende o que vê como função estratégica do acordo, ao dar apoio a "um aliado democrático" e "enfraquecer os que semeiam instabilidade e autocracia no nosso hemisfério", numa referência velada à oposição dos governos da Venezuela e do Equador à influência dos EUA.
Rice diz ainda que o tratado nivelaria as tarifas comerciais, fazendo com que os bens americanos entrassem mais facilmente na Colômbia, e poderia levar a aumento de até US$ 1 bilhão anual nas exportações.
Segundo o Escritório da Representação de Comércio dos EUA, o comércio bilateral com a Colômbia, que tem no país norte-americano seu maior parceiro comercial, movimentou em 2007 US$ 18 bilhões, dos quais US$ 8,6 bilhões foram exportações americanas.
O apoio de Washington a Bogotá não se limita ao TLC, incluindo ainda o Plano Colômbia de combate ao narcotráfico, que já rendeu ao país sul-americano mais de US$ 4,2 bilhões desde 2000.


Com agências internacionais, "Financial Times" e "The New York Times"


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