São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Iraque ameaça de cassação xiitas radicais

Moqtada al Sadr desarmará milícias se ordem partir do aiatolá Sistani; Petraeus fala hoje no Congresso

DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al Maliki, ameaçou ontem excluir da política local os xiitas ligados a Moqtada al Sadr, caso eles não se dissolvam como grupo armado.
A advertência coincide com pesados confrontos em Bagdá entre forças regulares iraquianas e o grupo de Sadr. Nove pessoas morreram ontem e 78 foram feridas no bairro xiita de Cidade Sadr. No domingo morreram 22, entre eles três soldados dos Estados Unidos.
Militares americanos estão envolvidos na operação, destinada a neutralizar o Exército do Mehdi, grupo leal a Sadr, acusado de disparar foguetes e morteiros sobre instalações militares dos Estados Unidos.
Policiais e soldados iraquianos invadiram os cortiços de Cidade Sadr -2 milhões de habitantes, a leste da capital-, com a cobertura de helicópteros americanos. Nove milicianos foram mortos.
Sadr afirmou que desmantelaria sua milícia caso recebesse ordens nesse sentido da hierarquia xiita.

Ultimato do premiê
O premiê Maliki, ele próprio um xiita, acusa os milicianos de pôr em xeque a trégua negociada na semana passada. "Resolver a questão significa para nós dissolver o Exército do Mehdi", disse o premiê à CNN. "Eles não poderão mais participar do processo político ou apresentar candidatos às próximas eleições caso não dissolvam a milícia", afirmou.
Os incidentes se agravaram quando Maliki determinou que o Exército prendesse "criminosos" da milícia na cidade portuária de Basra, ao sul.
A violência rapidamente atingiu os xiitas da capital. Um dos porta-vozes de Sadr, Baha al Aaraji, rejeitou o ultimato de Maliki e disse que ele não tem autoridade para neutralizar "forças legítimas que resistem à ocupação de nosso país por militares estrangeiros".
Esse sinal de intransigência, relatado pelo "Financial Times", contrasta com declarações mais conciliatórias dadas à Reuters pelo próprio Sadr. Ao sujeitar o desmantelamento à autorização de autoridades clericais, ele citou o aiatolá Ali al Sistani, líder xiita local.
Em princípio, os xiitas planejam para amanhã em Bagdá um grande ato público "contra a ocupação estrangeira". E hoje, em Washington, o general David Petraeus, comandante militar americano no Iraque, deve depor no Congresso e defender a suspensão da redução dos contingentes americanos, tão logo seja concluído o repatriamento em curso de 20 mil.
Adversários do general Petraeus dentro do Pentágono acusam-no de dar ênfase à contra-insurgência, o que tiraria a ênfase no treinamento de conflitos convencionais.
No sábado, partidos iraquianos de diferentes origens confessionais reuniram-se em Bagdá e lançaram apelo para que todos eles desmantelem suas milícias. Só em Bagdá o levante xiita matou nas últimas semanas 25 militares americanos.


Com agências internacionais


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