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Construções e subsolo erosivo de Áquila agravaram a tragédia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A tragédia em Áquila, a cidade mais afetada pelo terremoto
de anteontem, foi agravada
porque ela está construída sobre um lago sedimentado e é repleta de edificações antigas e
despreparadas para suportar
abalos, segundo especialistas.
Construções feitas sobre sedimentos estão a perigo porque
"os sedimentos se erodem em
caso de vibrações fortes", explicou à Folha o vulcanólogo
Maurizio Battaglia, professor-visitante da Universidade de
Roma e autor de um estudo de
2004 sobre as placas tectônicas
na região onde está a Itália.
John Whalley, palestrante
em geociências da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), cita ao jornal "Independent" estudo de 2005 alertando que o subsolo de Áquila tem
sedimentos frágeis, que amplificam vibrações sísmicas.
O outro agravante é que a
Itália tem cerca de 80 mil edifícios públicos que não cumprem com padrões antissísmicos, diz Rui Pinho, do Centro
Europeu para Treinamento e
Pesquisas em Engenharia de
Terremotos.
A Itália tem leis de construção antissísmica datadas de
1970 e 2003. Mas é muito difícil reforçar estruturas de construções centenárias, feitas de
pedra e tijolo. "As edificações
italianas são muito vulneráveis", destaca Pinho ao "Financial Times". Segundo ele, em
locais de infraestrutura adequada, como a Califórnia
(EUA), o abalo de anteontem
não teria sido tão devastador.
A Itália está numa zona de
risco contínuo, onde se encontram as placas tectônicas Eurasiática, Africana e a microplaca
Adriática, além de outras microplacas menores. "Há evidências de terremotos [ali]
desde a época do Império Romano", aponta Battaglia.
Mas ele volta a ressaltar que
era impossível prever o sismo
de anteontem. "É um fenômeno caótico, sem um padrão",
diz o italiano. "O que pode ser
feito é monitorar as atividades
geológicas, mapear os riscos
sísmicos e manter um protocolo de ações em caso de abalos."
(PAULA ADAMO IDOETA)
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