São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Atentado em clube de bilhar soterra ocupantes e fere dezenas em Rishon Letzion; Hamas reivindica ação

Ataque suicida mata ao menos 15 em Israel

Reuters
Frente do edifício de Rishon Letzion, perto de Tel Aviv, onde ficava o clube de bilhar atingido ontem por atentado suicida palestino


DA REDAÇÃO

Um terrorista suicida matou ontem pelo menos 15 pessoas e feriu outras 45 num edifício em que havia um clube de bilhar em Rishon Letzion, 15 km ao sul de Tel Aviv, em Israel. O grupo extremista islâmico Hamas reivindicou a autoria do ataque enviando comunicado a uma rede de TV libanesa.
Segundo funcionários dos serviços de resgate, grande parte do telhado do edifício desabou após a explosão, ocorrida às 23h03 (17h03 em Brasília), soterrando dezenas de pessoas.
"O suicida entrou no clube de bilhar e se explodiu", disse o comandante de polícia Haim Cohen. A TV israelense afirmou que os explosivos estavam numa pasta que o terrorista carregava.
Mahmoud Zahar, porta-voz do Hamas, disse que não podia confirmar se sua organização era responsável pelo ataque. Mas declarou: "Se isso se trata de uma operação de martírio, significa que Israel perdeu sua guerra contra os palestinos e a resistência palestina provou ser capaz de atingir o inimigo em toda parte".
A ação poderia motivar novas retaliações do Exército de Israel contra alvos palestinos num momento em que o conflito na Cisjordânia começava a diminuir, após retirada parcial israelense de cidades reocupadas em ofensiva iniciada em 29 de março para, segundo o país, eliminar a "infra-estrutura terrorista" na região.
"Está claro que a Autoridade Nacional Palestina (ANP) não abandonou suas ações de terror e não desistiu de trilhar um caminho assassino", disse David Baker, assessor do premiê israelense, Ariel Sharon. Em comunicado, o presidente da ANP, Iasser Arafat, disse condenar o atentado "da forma mais forte possível".
O incidente poderia prejudicar iniciativas diplomáticas para a paz que começavam a ganhar forma. No momento do ataque, Sharon se encontrava na Casa Branca com o presidente dos EUA, George W. Bush (leia texto ao lado).
Em razão do atentado, o premiê cancelou compromissos que tinha em Washington e Nova York e decidiu voltar a Israel.
O ataque ocorreu num prédio em bairro industrial de Rishon Letzion, cidade-satélite de Tel Aviv, com 100 mil habitantes.
Ambulâncias e o corpo de bombeiros se dirigiram imediatamente ao local, transferindo os feridos a quatro hospitais diferentes.
Em entrevista à rádio Israel, Hanit Azulai disse ter ouvido "uma grande explosão" quando voltava para casa. "Eu virei a esquina e vi o prédio inteiro voar em frente aos meus olhos", exclamou ela. "Não sei se foi um ataque terrorista. Eu só fugi de lá", afirmou outra testemunha.

Primeiro ataque
Foi o primeiro ataque suicida bem sucedido em Israel desde 12 de abril, quando uma mulher-bomba palestina matou seis e feriu 84 em um ponto de ônibus próximo ao mercado de Mahane Yehuda, em Jerusalém. O Exército diz ter impedido várias outras ações do gênero desde então.
No final de março, uma onda de ações suicidas matou mais de cem civis em grandes centros de Israel, levando o governo do país a lançar a operação "Muro Protetor", maior ofensiva militar do país na Cisjordânia desde a ocupação da região, na guerra de 1967.
Ao menos dezenas de palestinos morreram e mais de mil foram presos ao longo da campanha, cujo objetivo anunciado era "destruir a infra-estrutura do terror". Críticos do governo diziam que, por mais que ele destruísse fábricas de bombas e prendesse militantes de grupos extremistas, em poucas semanas essas organizações teriam capacidade de promover novos atentados.

Com agências internacionais

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