São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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COLÔMBIA

Guerrilha diz que civis foram usados como escudos humanos; governo quer missão da ONU para esclarecer as 116 mortes

Farc lamentam tragédia, mas culpam paramilitares

DA FRANCE PRESSE

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), guerrilha marxista, lamentaram ontem a tragédia ocorrida em Bojayá, no noroeste da Colômbia, em que 116 pessoas morreram -na semana passada-, afirmaram que buscariam compensar os danos infligidos à população civil e admitiram parte da responsabilidade pelas mortes, porém atribuíram a maior parte da culpa aos paramilitares de extrema direita.
Num comunicado oficial, José María Córdova, que participou dos combates contra os paramilitares, salientou que a guerrilha "lamentava o fatal desfecho dos enfrentamentos contra os paramilitares". "Jamais tivemos a intenção de causar danos à comunidade", disse.
Em outro comunicado oficial, a guerrilha afirmou que os combates tiveram início na zona rural, mas salientou que foram os paramilitares que entraram em Bojayá (cidade situada no a 580 km ao norte de Bogotá) e que usaram civis como escudos humanos.
"Os combates começaram na zona rural no dia 1º deste mês, mas os paramilitares que foram desalojados de suas posições tomaram como escudo a população civil. Ali foram mortas centenas de pessoas, e um grupo de moradores foi obrigado a refugiar-se numa igreja. Todos os que tentaram sair dela foram abatidos por paramilitares que estavam nos arredores", disse o comunicado.
As Farc também responsabilizaram o Exército pelo ocorrido. "O Exército permite que os paramilitares ajam em total impunidade em toda a região", afirmaram os guerrilheiros.
A guerrilha afirmou que o governo "tentava esconder sua guerra suja contra o povo" e acusou o presidente Andrés Pastrana de ser responsável pela "guerra e pelo caos que assola o país".
O governo atribuiu às Farc a explosão de uma bomba que teria matado 112 pessoas que estavam na igreja em Bojayá e solicitou ontem à ONU que envie uma missão à região para esclarecer os fatos. O chanceler Guillermo Fernández de Soto enviou o pedido a um escritório da ONU em Bogotá.
Segundo o chanceler, Pastrana gostaria de ver uma equipe da ONU no país. Recentemente, as Nações Unidas tentaram enviar uma missão similar ao Oriente Médio para investigar um suposto massacre ocorrido no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, mas não conseguiram a anuência do governo de Israel e desistiram de enviar a equipe.



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