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COLÔMBIA
Guerrilha diz que civis foram usados como escudos humanos; governo quer missão da ONU para esclarecer as 116 mortes
Farc lamentam tragédia, mas culpam paramilitares
DA FRANCE PRESSE
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), guerrilha marxista, lamentaram ontem
a tragédia ocorrida em Bojayá, no
noroeste da Colômbia, em que 116
pessoas morreram -na semana
passada-, afirmaram que buscariam compensar os danos infligidos à população civil e admitiram
parte da responsabilidade pelas
mortes, porém atribuíram a
maior parte da culpa aos paramilitares de extrema direita.
Num comunicado oficial, José
María Córdova, que participou
dos combates contra os paramilitares, salientou que a guerrilha
"lamentava o fatal desfecho dos
enfrentamentos contra os paramilitares". "Jamais tivemos a intenção de causar danos à comunidade", disse.
Em outro comunicado oficial, a
guerrilha afirmou que os combates tiveram início na zona rural,
mas salientou que foram os paramilitares que entraram em Bojayá
(cidade situada no a 580 km ao
norte de Bogotá) e que usaram civis como escudos humanos.
"Os combates começaram na
zona rural no dia 1º deste mês,
mas os paramilitares que foram
desalojados de suas posições tomaram como escudo a população
civil. Ali foram mortas centenas
de pessoas, e um grupo de moradores foi obrigado a refugiar-se
numa igreja. Todos os que tentaram sair dela foram abatidos por
paramilitares que estavam nos arredores", disse o comunicado.
As Farc também responsabilizaram o Exército pelo ocorrido.
"O Exército permite que os paramilitares ajam em total impunidade em toda a região", afirmaram os guerrilheiros.
A guerrilha afirmou que o governo "tentava esconder sua
guerra suja contra o povo" e acusou o presidente Andrés Pastrana
de ser responsável pela "guerra e
pelo caos que assola o país".
O governo atribuiu às Farc a explosão de uma bomba que teria
matado 112 pessoas que estavam
na igreja em Bojayá e solicitou ontem à ONU que envie uma missão
à região para esclarecer os fatos. O
chanceler Guillermo Fernández
de Soto enviou o pedido a um escritório da ONU em Bogotá.
Segundo o chanceler, Pastrana
gostaria de ver uma equipe da
ONU no país. Recentemente, as
Nações Unidas tentaram enviar
uma missão similar ao Oriente
Médio para investigar um suposto massacre ocorrido no campo
de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, mas não conseguiram a
anuência do governo de Israel e desistiram de enviar a equipe.
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