São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Irã é ameaça para América Latina, dizem EUA

Para diplomata, Teerã usa região para fustigar Washington; ministro colombiano ataca intenção "expansionista" de Chávez

DA EFE

O chefe da diplomacia americana para América Latina, Thomas Shannon, disse ontem que o Irã utiliza a região para romper o isolamento internacional e fustigar os EUA e que o país persa pode se tornar "um fator de violência" no continente.
Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, afirmou que o Irã, a quem os EUA acusam de apoiar terroristas, "encontra na América Latina uma forma de mostrar que pode se expressar". "É uma forma de atuar contra nós", disse, na conferência anual organizada pelo Conselho das Américas, que reúne empresas e investidores americanos com interesses na região.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem estreitado relações diplomáticas com a Venezuela de Hugo Chávez, principal voz antiamericana na região. Os dois países, em encontros com tom "antiimperialista", já assinaram cerca de 200 convênios num total de US$ 9 bilhões. No poder, Chávez já visitou seis vezes Teerã.
Ahmadinejad também tem se aproximado da Bolívia de Evo Morales, aliada de Caracas, país que visitou em 2007 para fechar acordos de cooperação.
Shannon afirmou que os serviços de inteligência dos EUA estão monitorando as conexões entre o partido e a milícia radical xiita Hizbollah, com base no Líbano, e grupos ilegais na região. Voltou a acusar o Irã de ter tido "um papel" no atentado terrorista em uma associação israelita que matou 85 pessoas em Buenos Aires, em 1994.
"Chamamos os serviços de inteligência e policiais [da região] a monitorar essas atividades, porque não queremos que o Irã se converta em fator de violência nas Américas", disse.

Bush e Colômbia
O presidente dos EUA, George W. Bush, também falou no encontro, nas instalações do Departamento de Estado americano, em Washington, e voltou a cobrar a aprovação do Tratado de Livre Comércio do país com a Colômbia, barrado pela maioria democrata no Congresso, e a criticar Chávez.
Defendeu o governo do aliado colombiano Álvaro Uribe, alegando que ele tem de lidar com a Venezuela, "um vizinho hostil e antiamericano", que "forjou uma aliança com Cuba e colabora com os terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)". Disse que o país oferece um "santuário seguro" à guerrilha.
As críticas a Chávez e aliados foram reforçadas pela dura palestra do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, para quem os governos "bolivarianos" são "neopulistas e autocráticos", não respeitam a propriedade privada e nem os direitos democráticos.
"O espectro de que falo é essencialmente expansionista e não hesitará em violar o princípio da não-intervenção, e usar vastos recursos, incluindo narcodólares", continuou o ministro, acrescentando que se o movimento tiver êxito, a região "retrocederá" décadas.
As declarações de Santos foram os ataques mais duros desde a crise diplomática na região, detonadas pelo bombardeio de Bogotá a um acampamento das Farc em território equatoriano e março.


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