|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Irã é ameaça para América Latina, dizem EUA
Para diplomata, Teerã usa região para fustigar Washington; ministro colombiano ataca intenção "expansionista" de Chávez
DA EFE
O chefe da diplomacia americana para América Latina, Thomas Shannon, disse ontem que
o Irã utiliza a região para romper o isolamento internacional
e fustigar os EUA e que o país
persa pode se tornar "um fator
de violência" no continente.
Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, afirmou que o
Irã, a quem os EUA acusam de
apoiar terroristas, "encontra na
América Latina uma forma de
mostrar que pode se expressar". "É uma forma de atuar
contra nós", disse, na conferência anual organizada pelo Conselho das Américas, que reúne
empresas e investidores americanos com interesses na região.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem estreitado relações diplomáticas
com a Venezuela de Hugo Chávez, principal voz antiamericana na região. Os dois países, em
encontros com tom "antiimperialista", já assinaram cerca de
200 convênios num total de
US$ 9 bilhões. No poder, Chávez já visitou seis vezes Teerã.
Ahmadinejad também tem
se aproximado da Bolívia de
Evo Morales, aliada de Caracas,
país que visitou em 2007 para
fechar acordos de cooperação.
Shannon afirmou que os serviços de inteligência dos EUA
estão monitorando as conexões
entre o partido e a milícia radical xiita Hizbollah, com base no
Líbano, e grupos ilegais na região. Voltou a acusar o Irã de ter
tido "um papel" no atentado
terrorista em uma associação
israelita que matou 85 pessoas
em Buenos Aires, em 1994.
"Chamamos os serviços de
inteligência e policiais [da região] a monitorar essas atividades, porque não queremos que
o Irã se converta em fator de
violência nas Américas", disse.
Bush e Colômbia
O presidente dos EUA, George W. Bush, também falou no
encontro, nas instalações do
Departamento de Estado americano, em Washington, e voltou a cobrar a aprovação do
Tratado de Livre Comércio do
país com a Colômbia, barrado
pela maioria democrata no
Congresso, e a criticar Chávez.
Defendeu o governo do aliado colombiano Álvaro Uribe,
alegando que ele tem de lidar
com a Venezuela, "um vizinho
hostil e antiamericano", que
"forjou uma aliança com Cuba
e colabora com os terroristas
das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)".
Disse que o país oferece um
"santuário seguro" à guerrilha.
As críticas a Chávez e aliados
foram reforçadas pela dura palestra do ministro da Defesa da
Colômbia, Juan Manuel Santos, para quem os governos
"bolivarianos" são "neopulistas
e autocráticos", não respeitam
a propriedade privada e nem os
direitos democráticos.
"O espectro de que falo é essencialmente expansionista e
não hesitará em violar o princípio da não-intervenção, e usar
vastos recursos, incluindo narcodólares", continuou o ministro, acrescentando que se o movimento tiver êxito, a região
"retrocederá" décadas.
As declarações de Santos foram os ataques mais duros desde a crise diplomática na região, detonadas pelo bombardeio de Bogotá a um acampamento das Farc em território
equatoriano e março.
Texto Anterior: Análise: Desconfiança de Moscou é maior nos EUA Próximo Texto: Frase Índice
|