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análise
Preocupações passam de um vizinho a outro
DAVID E. SANGER
DO "NEW YORK TIMES"
Quando Barack Obama
anunciou sua nova estratégia para o Afeganistão e
o Paquistão, ele declarou
que as metas americanas
na região, antes grandiosas, deveriam ser reduzidas para a de mirar contra
a Al Qaeda. Para dar conta
do recado, ele já estava enviando 21 mil soldados
adicionais ao Afeganistão.
Só havia um porém: a Al
Qaeda não vive no Afeganistão, mas no outro lado
da fronteira com o Paquistão, em cujo solo nunca serão tolerados soldados
americanos.
Cinco semanas mais tarde, algo que aparentava
não passar de uma fissura
no plano se converteu
num abismo. Quando
Obama se reuniu na Casa
Branca na quarta com os
presidentes Asif Ali Zardari, do Paquistão, e Hamid
Karzai, do Afeganistão, a
agenda foi dominada pela
campanha que insurgentes dentro do Paquistão
estão montando para conquistar o controle de grandes faixas do país.
"Hoje existe a possibilidade real de vermos um
Estado jihadista emergir
no Paquistão. Não é algo
inevitável e nem sequer o
mais provável, mas é uma
possibilidade real", disse
Bruce Riedel, coautor da
estratégia de Obama.
Por mais que o Afeganistão seja importante para
os EUA, disse ele, os acontecimentos das últimas semanas levaram os americanos a voltar sua atenção
ao Paquistão.
"É onde estão os riscos
estratégicos muito maiores", disse Riedel. "Ali há
muito mais terroristas por
quilômetro quadrado que
em qualquer outro ponto
do planeta, e o país possui
um programa de armas
nucleares que vem crescendo mais rapidamente
que o de qualquer outro
lugar do mundo."
O cerne da estratégia de
Obama era a aposta no
longo prazo: retreinar as
Forças Armadas paquistanesas para que se tornassem uma força eficaz de
contrainsurgência e gastar
bilhões de dólares em esforços de reconstrução.
Mas construir escolas e
treinar soldados requer
tempo. E, com a expansão
do Taleban ameaçando a
principal rodovia do Paquistão, não está claro se a
abordagem de longo prazo
vai resolver a emergência.
Em público, os EUA dizem que o arsenal nuclear
do Paquistão está em segurança. Em privado, funcionários da inteligência
dizem não poder confiar
em garantias vagas de que
as armas estão trancadas.
Alguns funcionários defendem pressionar o Paquistão a desenvolver planos conjuntos para retirar
as armas caso elas corram
risco. É duvidoso que os
paquistaneses, que receiam que os EUA tenham
planos secretos de tomar
seu arsenal, algum dia
concordem com o plano.
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