São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

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Gasto dos EUA no Afeganistão passará Iraque pela 1ª vez

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, Barack Obama, enviou ontem ao Congresso a proposta do Orçamento da Defesa para o ano fiscal de 2010 -que tem início em outubro. Pela primeira vez, os gastos com a Guerra do Afeganistão serão maiores do que os gastos com a Guerra do Iraque.
No documento, o valor total destinado ao Departamento da Defesa é de cerca de US$ 664 bilhões. Desses, US$ 130 bilhões são destinados para o financiamento das guerras: US$ 65 bilhões para a do Afeganistão e US$ 61 bilhões para a do Iraque. Há também previsão de gastos com ajuda ao Paquistão.
A distribuição dos gastos reflete a prioridade concedida ao conflito na Ásia Central por Obama, que, desde a campanha presidencial, promete desviar o foco do combate ao terrorismo do Iraque para o Afeganistão.
Desde que assumiu, o presidente americano já anunciou um plano de envio de mais 21 mil soldados para o país centro-asiático, o que elevará o contingente dos EUA para 55 mil homens -23 mil dos quais atuando sob a bandeira da Otan, a aliança militar ocidental.
Segundo o Departamento da Defesa, os primeiros soldados -algumas dezenas deles- chegaram ao país nesta semana.
Também em fevereiro, Obama apresentou um plano de retirada gradual de tropas do Iraque que prevê a saída de 91 mil dos atuais 142 mil soldados americanos no país até o dia 31 de agosto de 2010. Entre 35 mil e 50 mil homens ficarão em solo iraquiano até o final de 2011, prazo final estipulado em acordo entre Washington e Bagdá para a retirada americana.
Os US$ 65 bilhões previstos no orçamento para o Afeganistão representam 35% do total gasto pelos EUA desde a invasão do país, logo após o 11 de Setembro, quando tirou o Taleban do poder. No caso do Iraque, o valor é 7% dos US$ 860 bilhões gastos desde 2003.
À parte o gasto de US$ 130 bilhões com as guerras -US$ 60 bilhões a menos do que o deste ano-, o Orçamento da Defesa representa aumento de 4% nominais sobre os US$ 515 bilhões deste ano, conforme previsto na apresentação do Orçamento total dos EUA para 2010 por Obama em fevereiro.
No governo George W. Bush, eram recorrentes pedidos de recursos suplementares para financiar as guerras durante o ano. Em 2009, o valor inicial de US$ 66 bilhões subiu para US$ 142 bilhões com os pedidos. Ontem, foram aprovados mais US$ 96,7 bilhões até setembro.

Morte de civis
No Afeganistão, centenas de pessoas protestaram ontem contra a morte de dezenas de civis em ataques aéreos americanos no início da semana em dois vilarejos na Província de Farah (oeste). Policiais atiraram contra os manifestantes para conter a revolta.
Ontem, autoridades americanas e afegãs visitaram prédios destruídos nos locais dos ataques. Um funcionário local disse ter recolhido os nomes de 147 pessoas que, segundo parentes, morreram no ataque, o que tornaria a ação a mais mortífera desde a invasão dos EUA.
Em visita a Cabul, o secretário da Defesa americano, Robert Gates, pediu desculpas pela morte de civis, que, segundo ele, são exploradas na estratégia de insurgentes do Taleban.
À noite, o "New York Times" noticiou que, reservadamente, autoridades americanas admitiram que ao menos algumas mortes foram causadas por bombas lançadas pelos EUA.


Com agências internacionais e "New York Times"


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