São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Vítima fora sequestrada com a mulher havia um ano por grupo rebelde islâmico; filipina também morre

Americano morre em resgate nas Filipinas

Reuters - mar.2002
Martin e Gracia Burnham vigiados por rebeldes filipinos em vídeo divulgado em março deste ano


DA REDAÇÃO

Um missionário americano que estava há mais de um ano como refém de um grupo radical islâmico nas Filipinas foi morto ontem quando tropas filipinas, treinadas pelos EUA, tentaram resgatá-lo na selva do sul do país. Sua mulher, que também estava sequestrada, ficou ferida, mas foi resgatada. Uma refém filipina também foi morta na ação, junto com outros quatro sequestradores.
Os sequestradores pertenciam ao grupo separatista islâmico Abu Sayyaf, acusado pelos EUA de ter ligações com a rede terrorista Al Qaeda, liderada pelo saudita Osama bin Laden. Sete dos soldados filipinos, que haviam sido equipados pelos EUA com silenciadores, equipamentos para visão noturna e capacetes de alta tecnologia, também ficaram feridos.
Segundo o general filipino Narciso Abaya, o missionário americano Martin Burnham, 42, foi morto por um tiro durante a operação de resgate, próximo à cidade de Siraway, cerca de 850 km ao sul da capital, Manila. A enfermeira filipina Deborah Yap também foi morta. Não havia informações sobre a origem dos disparos que os atingiu.
A mulher de Martin, Gracia Burnham, 43, teve a coxa perfurada por um tiro. Levada para a cidade de Zamboanga, ela foi operada e não corria risco de vida. Ela foi levada à noite para Manila, onde esperava um vôo para voltar aos EUA.
"Fiquei muito feliz em sair da selva", disse ela aos médicos que a atenderam. Ela disse acreditar que a morte do marido era um desejo de Deus. "Era provavelmente o seu destino", disse ela.
O casal e a enfermeira filipina eram os últimos de dezenas de pessoas sequestradas no ano passado pelo Abu Sayyaf -diversos já haviam sido soltos, mas muitos fugiram e outros foram degolados pelos rebeldes.
O presidente dos EUA, George W. Bush, disse que a presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, lhe garantiu que "Justiça será feita".
"Essa foi uma longa e dolorosa experiência para eles [as vítimas", para o nosso governo, para o nosso país", afirmou Arroyo. "Nossos soldados fizeram o melhor possível para garantir a segurança", disse. "Não vamos parar até que o Abu Sayyaf acabe."
O secretário da Defesa filipino, Angelo Reyes, disse que o Exército incrementaria sua presença na região e utilizaria todo o arsenal disponível para "acabar com o Abu Sayyaf". Dos mil membros que o grupo tinha no ano passado, restariam apenas cem, segundo o governo.
Apesar da morte dos dois reféns, Reyes defendeu a missão de resgate, dizendo que os soldados filipinos tomaram todas as precauções para garantir a segurança da ação. O combate entre as tropas filipinas e os rebeldes começou ontem de madrugada ao sul da ilha de Mindanao, onde o Exército local buscava, há semanas, a localização dos reféns.
Helicópteros pilotados por militares americanos ajudaram a retirar os feridos, mas os soldados americanos que estão na região não tiveram participação na ação de resgate, segundo funcionários dos dois países.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, lamentou as mortes na ação, mas disse que o governo das Filipinas trava uma "batalha justa" e que "fez os melhores esforços para garantir uma libertação segura dos reféns".

Com agências internacionais

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