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DIPLOMACIA
Ex-presidente da Costa Rica é escolhido o novo secretário-geral da entidade; Powell elogia o plebiscito na Venezuela
OEA deve agir mais na Alca, diz novo líder
FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO
A Assembléia Geral da OEA
(Organização dos Estados Americanos), que termina hoje em Quito (Equador), designou ontem
por unanimidade o ex-presidente
da Costa Rica Miguel Angel Rodríguez (1998-2002) como o novo
secretário-geral da entidade. A
partir de setembro, ele substitui o
ex-presidente colombiano César
Gaviria, no cargo há dez anos.
Em entrevista à Folha ontem,
Rodríguez adotou um discurso de
continuidade, mas defendeu uma
maior participação da OEA nas
negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Com relação a outros dois temas sensíveis, o papel da OEA de
observador na crise política venezuelana e de monitor da complexa desmobilização dos paramilitares colombianos, Rodríguez
elogiou as atuais diretrizes.
No discurso de abertura, Gaviria exortou os países-membros a
melhorar "a utilização" do fórum
continental para que "se recupere
a credibilidade da OEA como baluarte" de cooperação.
Em sua intervenção, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, elogiou Hugo Chávez e a
oposição do país por terem encerrado o processo que aprovou um
plebiscito revogatório do mandato do presidente venezuelano.
Ontem, pequenas bombas explodiram em três cidades do
Equador, enquanto indígenas
bloquearam uma estrada para
exigir a saída do presidente Lucio
Gutierrez. Não houve feridos.
Economista de formação, Rodríguez, 64, promoveu várias medidas liberalizantes durante sua
Presidência, como a abertura do
sistema bancário e uma conturbada política de privatização. Na política externa, envolveu-se em vários atritos com Cuba.
Leia, a seguir, a entrevista concedida ontem por Rodríguez à
Folha, por e-mail:
Folha - A OEA convive com velhas
e novas organizações, como a ONU,
o Mercosul, o Nafta e, eventualmente, a Alca. Por outro lado, o
principal país-membro, os EUA, começaram uma guerra sem respaldo
das Nações Unidas. Como fica a entidade em meio a tantas siglas e ao
unilateralismo de Washington?
Miguel Angel Rodríguez - É parte
da realidade da OEA ter em seu
seio tanto a única superpotência
quanto países de pequenos e de
grande tamanho, como Brasil,
Canadá, Argentina e México. Essa
realidade obriga a um processo
constante de busca de equilíbrio
entre os interesses de uns e as necessidades de outros. Há muitos
casos de sucesso da OEA na busca
desses equilíbrios, que têm levado
a ações multilaterais de bastante
sucesso, como no caso de direitos
humanos e de promoção da democracia.
Folha - Lula tem declarado que a
América do Sul é sua prioridade na
política externa. Essa proposta já é
tangível ou o Brasil continua tímido em questões regionais, como o
conflito colombiano e a demanda
boliviana para a saída ao mar?
Rodríguez - O Brasil tem sido
sempre um ator de muito peso no
sistema interamericano. Não percebo essa timidez. Sob o presidente Da Silva e o chanceler Amorim,
tem sido um participante muito
ativo dos processos.
Folha - O sr. propõe que um dos
objetivos da OEA seja "propiciar
um intercâmbio comercial eqüitativo". A OEA deve ter mais envolvimento nas negociações da Alca?
Rodríguez - As negociações da
Alca que os países do hemisfério
estão desenvolvendo são processos muito complicados e exigem
importantes recursos humanos,
financeiros e de outra natureza, os
quais, em muitas ocasiões, não estão ao alcance de países pequenos. É função natural da organização fortalecer sua capacidade
de apoio a esses países e a qualquer um que requisite respaldo
técnico e assessoria, a fim de incrementar suas possibilidades de
negociar acordos que sejam adequados a sua realidade e interesses e, efetivamente, contribuir assim a propiciar um intercâmbio
comercial eqüitativo. A OEA já
tem trabalhado nessa linha e participado da secretaria técnica, mas
acredito que essa seja uma área
em que, por sua transcendência
aos diferentes países e para o hemisfério como um todo, tenhamos que intensificar os esforços.
Folha - A OEA sofreu recentemente muitas críticas do governo venezuelano por seu trabalho de observador. O sr. pretende mudar a forma como a organização atua na crise política do país?
Rodríguez - "Pelos seus frutos os
conhecereis", diz o Evangelho, e
os frutos colhidos pela OEA na
sua tarefa de apoiar o governo e o
povo venezuelano para encontrar
uma solução negociada, democrática, eleitoral e pacífica para as
diferenças existentes falam por si.
A contribuição da OEA e do Centro Carter nesse processo, de benefício indubitável a todos os venezuelanos, merece o reconhecimento entusiasmado.
Com agências internacionais
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