São Paulo, sexta-feira, 08 de julho de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Ihab al-Sherif estava desaparecido desde sábado; Al Qaeda local reivindicou a autoria do assassinato

Embaixador egípcio seqüestrado é morto no Iraque

DA REDAÇÃO

O governo egípcio confirmou ontem que o chefe de sua missão diplomática no Iraque, o embaixador Ihab al-Sherif, 51, seqüestrado no último sábado, foi assassinado. O crime foi reivindicado pelo braço iraquiano do grupo terrorista Al Qaeda.
Al-Sherif foi capturado quando caminhava sozinho em uma rua próxima de sua casa em Bagdá.
Embora a localização do corpo não seja conhecida, um diplomata do Egito informou que o assassinato foi confirmado "por meio de múltiplos contatos". O crime surpreendeu o governo do Cairo, que ainda ontem, antes de sua confirmação, tentava contato com grupos iraquianos e acreditava que poderia assegurar a libertação de seu diplomata.
A primeira confirmação de que Al-Sherif havia sido morto foi feita em um site islâmico. A nota, cuja autenticidade não pôde ser confirmada, dizia: "Nós, a Al Qaeda no Iraque, anunciamos que aplicamos o julgamento divino contra o embaixador dos infiéis, o embaixador do Egito".
O grupo, liderado pelo terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi, também divulgou na internet vídeo no qual Al Sherif aparece falando, com os olhos vendados. O assassinato não está nas imagens, embora a nota prometesse mais detalhes para depois.
Os egípcios são chamados de "infiéis" pelos grupos terroristas muçulmanos porque mantêm boas relações diplomáticas com os Estados Unidos e por terem sido o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel.
O embaixador assassinado, inclusive, atuou na embaixada do Egito em Tel Aviv de 1999 a 2003, segundo o Ministério de Relações Exteriores egípcio.
Apesar de ter o título de embaixador por carreira diplomática, esse não era o cargo de Al Sherif no Iraque, porque a missão diplomática naquele país ainda não tinha sido elevada a embaixada pelo governo do Egito, a primeira nação árabe a designar um embaixador para o Iraque após a queda de Saddam Hussein.
Agora, com o assassinato de Al Sherif, o governo egípcio cogita não só não elevar sua missão iraquiana a embaixada como fechá-la temporariamente e levar de volta ao Egito toda a equipe instalada naquele país.
Se verdadeiro, o assassinato pode se converter em um marco dramático na campanha de desencorajar nações árabes e muçulmanas a estreitar laços com o Iraque, como quer a Casa Branca, para demonstrar a aceitação do governo local por sua vizinhança.
De acordo com o site do Ministério das Relações Exteriores iraquiano, há 46 missões estrangeiras no país, incluindo 14 de países predominantemente árabes ou muçulmanos.
No Cairo, o ditador egípcio, Hosni Mubarak, condenou o assassinato de Al Sherif e disse que seu país vai continuar a apoiar o Iraque. "Esse ato terrorista não vai demover o Egito de sua firme posição em apoiar o Iraque e seu povo", afirma a nota.
Por sua vez, o presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, conclamou em Najaf por uma "guerra de aniquilação" contra a Al Qaeda e outros grupos que incluam terroristas estrangeiros.


Com agências internacionais

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