São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Ofensiva de Israel mata mais 7 palestinos

Novos confrontos em Gaza elevam número de palestinos mortos para 32; europeus condenam "uso desproporcional da força"

Ministro israelense cogita a possibilidade de troca de prisioneiros por soldado seqüestrado, mas colega de gabinete nega um acordo


DA REDAÇÃO

Em mais um dia de confrontos entre o Exército de Israel e milícias no norte da faixa de Gaza, ao menos sete pessoas foram mortas, entre elas um garoto de 11 anos, elevando para 32 o número de palestinos mortos desde o início da ofensiva. A União Européia acusou o governo israelense de "uso desproporcional da força".
Avi Dichter, ministro da Segurança Pública, cogitou a possibilidade de Israel soltar prisioneiros palestinos como "gesto de boa vontade" em troca da libertação do soldado Gilad Shalit, 19, seqüestrado no dia 25 de julho. A ação foi reivindicada por três grupos, que exigiram a soltura de cerca de mil detidos em prisões israelenses, incluindo todas as mulheres e os menores de idade.
"Israel precisará, após algum tempo, libertar prisioneiros como um gesto recíproco", Dichter declarou. "Israel sabe como fazer isso. Israel já fez isso mais de uma vez no passado."
Mas o ministro do Interior, Roni Bar-On, deu uma entrevista à TV israelense em que rejeitou qualquer tipo de negociação. Bar-On acrescentou que havia acabado de conversar com o premiê de Israel, Ehud Olmert. Internamente, militares israelenses consideram a troca de prisioneiros por Shalit.
O Hamas também disse que não existem negociações. "Não há conversas sobre o soldado desaparecido e sim sobre 30 mártires palestinos", disse Mushir al Masri, parlamentar palestino do braço político do grupo terrorista Hamas.
Ontem, a organização, que reivindicou o seqüestro, afirmou que o soldado está em boas condições: "Ele está sendo bem tratado, humanitariamente, de acordo com as ordens de nossa religião. [...] Enfatizamos que as negociações são o único jeito de resolver esse caso".
A violência prosseguia na cidade de Beit Lahiya, norte da faixa de Gaza, onde Anwar Attallah, 11, morreu com um tiro após uma incursão israelense.
Médicos disseram haver civis entre os sete mortos nos confrontos de ontem. Também foi morto um membro das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo terrorista ligado ao Fatah, partido do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Três pessoas ficaram feridas em Sderot após lançamentos de foguetes Qassam. Israel alega que retomou o controle de parte do norte de Gaza para deter os lançamentos.
No início da manhã de hoje (noite de ontem no Brasil), tropas israelenses apoiadas por blindados e helicópteros entraram em confronto com palestinos armados na região do terminal de Karni, a principal passagem de carga entre Gaza e Israel, ao sul da Cidade de Gaza. Pelo menos dois palestinos ficaram feridos na operação.

Acordo
Mediadores egípcios propuseram acordo em duas etapas no qual o Hamas libertaria Shalit e interromperia os disparos. Em troca, terminaria a ofensiva israelense e, no futuro, presos palestinos seriam soltos.
Um membro do governo palestino disse à agência Associated Press que Israel concordou com a proposta, mas deseja que o acordo seja fechado confidencialmente. Mas a organização terrorista, segundo o mesmo funcionário, quer que os termos sejam anunciados publicamente.

Condenação
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, exortou o Conselho de Segurança a tomar uma posição sobre a ação israelense.
Em nota, a União Européia condenou Israel pela primeira vez desde o início da ofensiva. "A UE condena a perda de vidas causada pelo uso desproporcional da força do Exército de Israel e pela crise humanitária agravada", dizia o texto.
O presidente do Irã, o extremista Mahmoud Ahmadinejad, advertiu que a ofensiva israelense poderá causar uma "explosão" no mundo muçulmano. Ahmadinejad, que já questionou o Holocausto e defendeu o fim de Israel, fez o alerta em uma manifestação em apoio aos palestinos em Teerã.


Com agências internacionais

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