São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Política oficial de migração insuflou tensão étnica

DO ENVIADO A URUMQI

As tensões entre a maioria chinesa da etnia han e os muçulmanos uigures cresceram nas últimas décadas, a partir de políticas do próprio governo chinês para habitar a despovoada e estratégica Província.
Nos anos 80, quando a população uigur totalizava 80% da população de Xinjiang, o Exército começou a incentivar que oficiais na reserva se mudassem para lá, com emprego e registro de residência garantidos.
Nos anos 90, outra grande leva de migrantes chineses foi incentivada a povoar Xinjiang. Milhares de operários dispensados ao finalizar as etapas mais demoradas da construção da usina hidrelétrica de Três Gargantas, a maior do mundo, no centro do país, começaram a se mudar para Xinjiang também com benefícios.
Na capital, Urumqi, os uigures são hoje 40% da população, a metade do que eram há 20 anos. Na Província, são 45% dos 20 milhões de habitantes.
A redução da porcentagem de uigures em Xinjiang foi acompanhada pela troca de papéis com os han na Província.
Por falarem mandarim e alguns até inglês, os recém-chegados obtiveram os principais empregos na iniciativa privada e no governo, enquanto os uigures seguem com trabalhos braçais ou como camponeses.
Já a tensão religiosa é mais antiga. Durante a Revolução Cultural promovida por Mao Tse-tung (1966-1976), centenas de mesquitas foram destruídas em Xinjiang, e religiosos foram torturados e mortos.
Até hoje, estão proibidos estudos religiosos a menores de 18 anos de idade. No funcionalismo público, mulheres são proibidas de usar o lenço ou o véu, e os homens são forçados a tirar a barba.
O estopim para os violentos conflitos de domingo, segundo vários manifestantes, foi uma briga que terminou em morte no mês passado na Província de Cantão, no sudeste da China.
Um operário demitido numa fábrica de brinquedos no sul da China espalhou em seu blog que uigures haviam estuprado uma operária. A notícia se alastrou e provocou uma intensa luta entre han e uigures. Dois muçulmanos foram mortos.
A ausência de uma investigação rápida ou julgamento dos culpados causou raiva entre jovens uigures. Ontem, a imprensa estatal chinesa divulgou que 13 suspeitos do crime foram presos no final de semana. (RJL)




Texto Anterior: Mãe com bebê no colo frustra roteiro oficial para jornalistas
Próximo Texto: Zelaya aceita se reunir com golpista na Costa Rica
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.