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Política oficial de migração insuflou tensão étnica
DO ENVIADO A URUMQI
As tensões entre a maioria
chinesa da etnia han e os muçulmanos uigures cresceram
nas últimas décadas, a partir de
políticas do próprio governo
chinês para habitar a despovoada e estratégica Província.
Nos anos 80, quando a população uigur totalizava 80% da
população de Xinjiang, o Exército começou a incentivar que
oficiais na reserva se mudassem para lá, com emprego e registro de residência garantidos.
Nos anos 90, outra grande leva de migrantes chineses foi incentivada a povoar Xinjiang.
Milhares de operários dispensados ao finalizar as etapas
mais demoradas da construção
da usina hidrelétrica de Três
Gargantas, a maior do mundo,
no centro do país, começaram a
se mudar para Xinjiang também com benefícios.
Na capital, Urumqi, os uigures são hoje 40% da população,
a metade do que eram há 20
anos. Na Província, são 45%
dos 20 milhões de habitantes.
A redução da porcentagem
de uigures em Xinjiang foi
acompanhada pela troca de papéis com os han na Província.
Por falarem mandarim e alguns até inglês, os recém-chegados obtiveram os principais
empregos na iniciativa privada
e no governo, enquanto os uigures seguem com trabalhos
braçais ou como camponeses.
Já a tensão religiosa é mais
antiga. Durante a Revolução
Cultural promovida por Mao
Tse-tung (1966-1976), centenas de mesquitas foram destruídas em Xinjiang, e religiosos foram torturados e mortos.
Até hoje, estão proibidos estudos religiosos a menores de
18 anos de idade. No funcionalismo público, mulheres são
proibidas de usar o lenço ou o
véu, e os homens são forçados a
tirar a barba.
O estopim para os violentos
conflitos de domingo, segundo
vários manifestantes, foi uma
briga que terminou em morte
no mês passado na Província de
Cantão, no sudeste da China.
Um operário demitido numa
fábrica de brinquedos no sul da
China espalhou em seu blog
que uigures haviam estuprado
uma operária. A notícia se alastrou e provocou uma intensa
luta entre han e uigures. Dois
muçulmanos foram mortos.
A ausência de uma investigação rápida ou julgamento dos
culpados causou raiva entre jovens uigures. Ontem, a imprensa estatal chinesa divulgou que
13 suspeitos do crime foram
presos no final de semana.
(RJL)
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