São Paulo, quarta-feira, 08 de julho de 2009

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Argentina troca ministro da Economia e chefe de gabinete

Vítimas no primeiro escalão após derrota eleitoral do governo chegam a quatro

Mudanças fazem parte da tentativa de Cristina de "relançar" a gestão depois de fracasso de chapa liderada por seu marido em pleito

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Após a derrota nas eleições legislativas nacionais, o governo da Argentina anunciou ontem uma reformulação geral no primeiro escalão, com as saídas do ministro da Economia e do chefe do gabinete ministerial de Cristina Kirchner.
As mudanças já eram alvo de boatos desde o pleito do último dia 28, como forma de Cristina "relançar" a gestão após a derrota. O governo perdeu nas cinco maiores Províncias e obteve cerca de 3 milhões de votos a menos no país em relação à eleição presidencial de 2007.
Na Chefia de Gabinete ( equivalente à Casa Civil no Brasil), sai Sérgio Massa, no cargo desde julho de 2008. Nas últimas eleições, Massa foi um dos candidatos "testemunhais" do governo à Câmara pela Província de Buenos Aires, na lista encabeçada pelo ex-presidente Néstor Kirchner e derrotada pela frente de centro-direita Unión-PRO. A denominação foi dada aos candidatos que, mesmo eleitos, não deverão assumir os cargos em dezembro.
A candidatura de Massa, que é também prefeito licenciado de Tigre, na Grande Buenos Aires, falhou em promover a lista do governo na cidade, que teve menos votos que os candidatos para o Legislativo municipal. Por isso, segundo a imprensa local, Kirchner se irritou.
O novo chefe de gabinete é o atual ministro da Justiça, Aníbal Fernández, ex-ministro do Interior da gestão Kirchner (2003-2007) e espécie de "porta-voz" de Cristina para todos os temas. Na Justiça assume Julio Alak, interventor do governo na recém-estatizada Aerolineas Argentinas.
Na Economia, Carlos Fernández deixou o posto que assumira em abril de 2008. A discrição de Fernández -era conhecido como o "ministro mudo"- era uma de suas fragilidades. Para críticos do governo, Kirchner comanda a economia.
O terceiro ministro da Economia de Cristina será Amado Boudou, de maior perfil midiático e que até então dirigia a Anses (o INSS local), que se tornou uma espécie de caixa do governo após a estatização da Previdência privada, em 2008.
O ministério da Economia sofreu esvaziamento em 2008, quando Cristina recriou a pasta da Produção, responsável, por exemplo, pelos entraves a importações que afetam o Brasil.
Longe de indicar uma mudança de rumo na gestão, a reforma de ontem promoveu servidores fiéis ao casal Kirchner, e manteve os nomes mais questionados do governo, como o secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, a quem são atribuídas as supostas manipulações de estatísticas oficiais no país.
As trocas de ontem somam-se às saídas da ministra da Saúde, Graciela Ocaña, e do secretário de Transporte, Ricardo Jaime, também anunciadas após a derrota.


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