|
Texto Anterior | Índice
Argentina troca ministro da Economia e chefe de gabinete
Vítimas no primeiro escalão após derrota eleitoral do governo chegam a quatro
Mudanças fazem parte da tentativa de Cristina de "relançar" a gestão depois de fracasso de chapa liderada por seu marido em pleito
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Após a derrota nas eleições
legislativas nacionais, o governo da Argentina anunciou ontem uma reformulação geral no
primeiro escalão, com as saídas
do ministro da Economia e do
chefe do gabinete ministerial
de Cristina Kirchner.
As mudanças já eram alvo de
boatos desde o pleito do último
dia 28, como forma de Cristina
"relançar" a gestão após a derrota. O governo perdeu nas cinco maiores Províncias e obteve
cerca de 3 milhões de votos a
menos no país em relação à
eleição presidencial de 2007.
Na Chefia de Gabinete ( equivalente à Casa Civil no Brasil),
sai Sérgio Massa, no cargo desde julho de 2008. Nas últimas
eleições, Massa foi um dos candidatos "testemunhais" do governo à Câmara pela Província
de Buenos Aires, na lista encabeçada pelo ex-presidente Néstor Kirchner e derrotada pela
frente de centro-direita Unión-PRO. A denominação foi dada
aos candidatos que, mesmo
eleitos, não deverão assumir os
cargos em dezembro.
A candidatura de Massa, que
é também prefeito licenciado
de Tigre, na Grande Buenos Aires, falhou em promover a lista
do governo na cidade, que teve
menos votos que os candidatos
para o Legislativo municipal.
Por isso, segundo a imprensa
local, Kirchner se irritou.
O novo chefe de gabinete é o
atual ministro da Justiça, Aníbal Fernández, ex-ministro do
Interior da gestão Kirchner
(2003-2007) e espécie de "porta-voz" de Cristina para todos
os temas. Na Justiça assume
Julio Alak, interventor do governo na recém-estatizada Aerolineas Argentinas.
Na Economia, Carlos Fernández deixou o posto que assumira em abril de 2008. A discrição de Fernández -era conhecido como o "ministro mudo"- era uma de suas fragilidades. Para críticos do governo,
Kirchner comanda a economia.
O terceiro ministro da Economia de Cristina será Amado
Boudou, de maior perfil midiático e que até então dirigia a Anses (o INSS local), que se tornou uma espécie de caixa do governo após a estatização da
Previdência privada, em 2008.
O ministério da Economia
sofreu esvaziamento em 2008,
quando Cristina recriou a pasta
da Produção, responsável, por
exemplo, pelos entraves a importações que afetam o Brasil.
Longe de indicar uma mudança de rumo na gestão, a reforma de ontem promoveu servidores fiéis ao casal Kirchner,
e manteve os nomes mais questionados do governo, como o
secretário do Comércio Interior, Guillermo Moreno, a
quem são atribuídas as supostas manipulações de estatísticas oficiais no país.
As trocas de ontem somam-se às saídas da ministra da Saúde, Graciela Ocaña, e do secretário de Transporte, Ricardo
Jaime, também anunciadas
após a derrota.
Texto Anterior: Sem alarde, Brasil envia embaixador à Coreia do Norte Índice
|