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COLÔMBIA
Com sangue-frio em situações como o atentado sofrido em abril, Uribe se irrita ao ser questionado sobre o passado
Instabilidade é marca do novo presidente
DA REDAÇÃO
Definitivamente não é fácil definir Álvaro Uribe Vélez, 50, o novo
presidente da Colômbia.
Ele é capaz de manter o ar calmo
e o sangue-frio em situações como o atentado à bomba que sua
comitiva sofreu durante a campanha presidencial, em abril
-orientou pessoalmente o motorista de sua van blindada a sair
do local após a explosão. Mas às
vezes perde a compostura, como
quando expulsou de sua sala, na
reta final da campanha, um jornalista da revista americana "Newsweek" que o questionava a respeito de seus supostos vínculos com
paramilitares e narcotraficantes.
Após criticar, desde o seu princípio, o processo de paz iniciado
pelo presidente Andrés Pastrana
em 1998, e martelar seu slogan de
"mão firme" durante a campanha, fez um discurso de conciliação, dizendo-se aberto ao diálogo,
logo após a confirmação de sua
eleição, já no primeiro turno, com
53% dos votos.
Carregando em suas mãos a esperança da população colombiana, cansada de uma guerra civil
que vem fazendo mais de 3.500
mortos e 3.000 sequestrados ao
ano, Uribe preocupa analistas não
só por seu discurso belicoso, mas
também pela instabilidade e pelo
passado nebuloso.
Prefeito de Medellín aos 31
anos, depois vereador, senador e
governador do Departamento
[Estado" de Antioquia, cresceu na
política com uma imagem de eficiência administrativa e autoridade. Mas convive também com as
denúncias sobre seu passado, que
ele rejeita com veemência.
Quando governador, impulsionou a criação de grupos de defesa
privada chamados Convivir, acusados de terem se transformado,
depois, em embriões dos grupos
paramilitares de direita, que combatem as guerrilhas. Os paramilitares são acusados por vários
massacres contra populações civis acusadas de colaborar ou simpatizar com as guerrilhas.
"Durante seu governo, os paramilitares tiveram crescimento impressionante em Antioquia", disse à Folha a ativista Glória Cuartas, ex-prefeita da cidade antioquenha de Apartadó. "Somente
na minha cidade morreram 1.200
professores, ativistas de direitos
humanos, dirigentes políticos de
esquerda e sindicalistas", afirma.
Apesar do apoio manifestado
durante a campanha pelo principal grupo paramilitar do país, as
AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), que ele rejeitou, Uribe
diz que atuará contra os paramilitares com o mesmo vigor que
contra a guerrilha.
Mas preocupa os analistas por
sua proposta de formar um grupo
de 1 milhão de civis para auxiliar a
força pública no combate aos grupos armados.
Para os amigos, a obstinação de
Uribe o ajudará a atingir seu objetivo de pacificar a Colômbia. "Ele
tem uma capacidade de trabalho
impressionante. Pode dormir só
três horas por noite e seguir com a
mesma capacidade", afirma o
empresário de Medellín Juan Rodrigo Hurtado, 35, colega do novo
presidente durante sua pós-graduação, em administração de
conflitos, na Universidade Harvard (EUA), em 1993.
(RW)
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