São Paulo, quinta-feira, 08 de agosto de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Bush adota tom contemporizador com aliados contrários a ataque, mas diz que "tem de lidar com o problema"

Sauditas se opõem a ação contra o Iraque

Associated Press
Bush anda para pódio onde discursou, em escola do Mississippi


DA REDAÇÃO

Num dia de intensa movimentação política e diplomática em torno de um eventual ataque americano ao Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush, tentou acalmar os opositores da ação, enquanto o chanceler saudita afirmava que não permitiria o uso do território de seu país para um ataque ao vizinho.
"O ataque não é a política certa a tomar, especialmente agora, que há a possibilidade de volta dos inspetores de armas da ONU", afirmou o chanceler saudita, o príncipe Saud. Ele disse que as relações com Washington estão tão sólidas quanto antes de 11 de setembro, mas que os sauditas não permitiriam o uso de seu território num eventual ataque, como na Guerra do Golfo (91).
Para Washington, Saddam está desenvolvendo e armazenando armas químicas, biológicas e nucleares e deve ser contido.
"Essas são ameaças reais e temos de lidar com elas. Devemos isso a nossas crianças. Prometo ser paciente e continuar a consultar o Congresso e, é claro, os nossos amigos e aliados", disse Bush.
O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, disse que Washington nunca requisitou nenhum uso do território saudita para atacar o Iraque: "O presidente nunca propôs algo assim".
Apesar das negativas de Rumsfeld, analistas militares afirmam que, se uma ação com tropas for aprovada, as bases sauditas seriam essenciais. Mesmo uma ação exclusivamente de bombardeios seria por demais encarecida se dependente apenas das aeronaves de porta-aviões.
Dizendo que seria paciente e que consultaria tanto o Congresso quanto os países aliados sobre o ataque, Bush afirmou que não havia se decidido ainda sobre que plano adotar, mas frisou que ainda considera factível a alternativa militar para derrubar o ditador iraquiano, Saddam Hussein.
As declarações de Bush indicam também que os EUA não estão convencidos da sinceridade das iniciativas de Bagdá nos últimos dias, convidando a ONU e congressistas americanos para ir ao país discutir o retorno das inspeções de armas da ONU.
Não houve menção direta ao nome de Saddam ou ao Iraque, mas não há dúvidas sobre de quem ele está falando quando cita países dirigidos por "homens que envenenam seu próprio povo"- o regime do ditador usou ataques de gás venenoso contra a minoria curda em 1988.
Autoridades americanas afirmam que os planos para uma eventual invasão do Iraque poderiam usar até 250 mil soldados americanos e centenas de aeronaves. Há cenários para o uso de menos força, caso um ataque inicial fulminante esvazie o apoio militar interno a Saddam.
O vice-presidente americano, Richard Cheney, disse que mesmo a eventual volta de inspetores internacionais ao Iraque não diminuiria a preocupação dos EUA, pois sobreviveria a intenção de Bagdá de desenvolver as armas de destruição em massa. "Muitos de nós estão céticos de que o simples retorno dos inspetores ao Iraque resolverá o problema", afirmou.
Os inspetores da ONU deixaram o Iraque em dezembro de 1998, reclamando que não obtinham a colaboração das autoridades do país.

Com agências internacionais


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