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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Líbano propõe enviar seu Exército ao sul
Objetivo é obter do Conselho de Segurança da ONU voto para retirada israelense da área, hoje sob controle do Hizbollah
Liga Árabe apóia posição libanesa e pede mudança na resolução proposta por França e EUA; Israel quer desarmamento do grupo
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
O governo libanês anunciou
ontem que aceita enviar 15 mil
tropas para a fronteira com Israel, área hoje controlada pelo
Hizbollah, no que pode ser o
primeiro passo para um entendimento que leve ao fim dos
combates.
O gabinete, que tem dois ministros do Hizbollah, ressalvou,
no entanto, que o envio será
condicionado à retirada das
tropas israelenses que estão no
sul do país.
A saída do grupo da região e
seu desarmamento são as principais exigências de Israel para
suspender a ofensiva iniciada
no último dia 12, após o seqüestro de dois de seus soldados.
Em outro desdobramento diplomático, a Liga Árabe decidiu
ontem, em reunião de emergência realizada em Beirute,
enviar uma missão a Nova York
para pressionar por mudanças
no projeto de resolução do
Conselho de Segurança da
ONU sobre o conflito -que segundo o primeiro-ministro do
Líbano, Fouad Siniora, já deixou mil mortos no país.
A resolução elaborada por
EUA e França pede "a suspensão imediata pelo Hizbollah de
todos os ataques e a imediata
suspensão por Israel de todas
as operações militares ofensivas".
De acordo com diplomatas
dos dois países, uma segunda
resolução estabelecerá a força
de paz internacional que ajudará o Exército do Líbano a controlar o sul do país, dominado
pelo Hizbollah desde a retirada
de Israel em 2000.
EUA e França reagiram de
forma diferente às críticas do
Líbano à proposta de resolução. O chanceler francês, Philippe Douste-Blazy, afirmou
que o texto não deveria ser submetido sem considerar as demandas do Líbano e dos países
árabes. Ele sugeriu que a região
fronteiriça de Shebaa, reivindicada pelo Líbano e ocupada por
Israel, ficasse sob jurisdição da
ONU.
Já o presidente americano,
George W. Bush, de férias em
sua fazenda no Texas, afirmou
que não poderia ser criado um
"vácuo aonde o Hizbollah e
seus patrocinadores possam
movimentar mais armas".
No encontro da Liga Árabe
em Beirute, Siniora teve de corrigir a denúncia que fizera horas antes, em lágrimas, de que
um ataque israelense havia matado 40 civis na cidade de Houla, no sul do país. Posteriormente, disse que o ataque provocou uma morte.
Além do prédio em Houla,
aviões israelenses voltaram a
bombardear o leste e o sul do
Líbano e o sul de Beirute, matando 55 pessoas.
Em pronunciamento aos diplomatas árabes que foram a
Beirute apoiar o Líbano, Siniora expressou sua oposição à
proposta prestes a ser votada
na ONU. "Ela mal leva a um
cessar-fogo", disse o premiê,
chorando. "Queremos um cessar-fogo permanente e total."
Ao corrigir o número de mortos em Houla, Siniora manteve
a classificação de "massacre"
para o bombardeio. "No massacre de Houla, descobriu-se que
uma pessoa foi morta", disse o
premiê. "Eles pensaram que o
prédio havia caído sobre a cabeça de 40 pessoas. Graças
Deus, se salvaram."
Enviado do Itamaraty
O embaixador Manoel Antonio Gomes Pereira, diretor do
Departamento de Comunidades Brasileiras no Exterior do
Itamaraty, chegou ontem a Beirute para avaliar a ajuda que
tem sido prestada a brasileiros
que querem deixar o país. Ele
chegou de carro proveniente da
Turquia.
Pereira disse que planeja ir
ao vale do Bekaa hoje ou nos
próximos dias para ver como
está progredindo a operação de
retirada nessa região, conhecida por concentrar um grande
número de cidadãos brasileiros.
Amanhã um novo comboio
deve partir do Bekaa, rumo à cidade turca de Adana.
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