São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Israel, "sem limitações", impõe toque de recolher no Líbano

MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE TEL AVIV

O premiê de Israel, Ehud Olmert, autorizou ontem o Exército a atuar "sem limitações" no Líbano para diminuir o disparo de foguetes do grupo terrorista Hizbollah contra o país, e os militares israelenses impuseram toque de recolher à população libanesa em uma faixa de até 20 km dentro do Líbano.
"Temos de parar os foguetes. Não podemos ter 1 milhão de moradores vivendo em abrigos. Neste caso, não haverá limitações ao Exército. A guerra envolve fatalidades, o que dói e é traumático. Mas no momento temos de lidar com isso", disse Olmert, em visita ao norte de Israel com o ministro da Defesa, Amir Peretz.
Horas antes, Peretz disse à Comissão de Defesa do parlamento que ordenou ao Exército intensificar a ofensiva e "assumir o controle" de lançamento de foguetes pelo Hizbollah, em qualquer lugar do Líbano, até que a diplomacia ofereça uma solução. "Se o processo político puder parar os disparos, Israel pode dizer que sua operação mudou a equação da situação no norte", disse.
O Exército de Israel já tem planos prontos para invadir uma área até o rio Litani, que em alguns trechos chega a 20 km da fronteira. Isso, porém, ainda não teve aprovação formal do governo, apesar das declarações de Olmert e Peretz.
A ordem para atuar "sem limites" foi decidida depois dos ataques do Hizbollah que mataram 12 soldados da reserva e três civis, no domingo. Desde o início do conflito, 61 soldados e 36 civis israelenses foram mortos em ataques do grupo. Ontem, o Hizbollah disparou cerca de 160 foguetes e mísseis contra o norte de Israel, sem deixar feridos graves.
Como parte da estratégia para tentar reduzir esses disparos, o Exército decretou toque de recolher para os moradores das aldeias libanesas entre o rio Litani e a fronteira de Israel. Segundo os militares, o objetivo é facilitar a identificação de lançadores de foguetes. Qualquer veículo poderá ser atingido depois das 22h locais.

Irã e Síria
O Exército divulgou ontem imagens de um combatente do Hizbollah capturado afirmando que participou, em 12 de julho, do seqüestro de dois soldados israelenses, ação que desencadeou o conflito. Identificado como Mahmoud Ali Suleiman, ele disse que recebeu treinamento militar no Irã, envolvendo armas antitanque, e que chegou àquele país via Síria -países que Israel acusa de envolvimento no confronto.
Israel diz ter capturado guerrilheiros e corpos de combatentes para uso em uma possível troca de prisioneiros.
A Força Aérea israelense informou que destruiu uma aeronave não-tripulada do Hizbollah que voava em baixa altitude, a 10 km da costa israelense. O aparelho seria de fabricação iraniana, pesa 80 kg, com autonomia de 150 km e capacidade de levar até 40 kg de explosivos. Nesse caso, a aeronave não continha carga e o aparelho pode ter sido usado para espionagem.


Texto Anterior: Líbano propõe enviar seu Exército ao sul
Próximo Texto: Guerra no Oriente Médio: Histórico mostra inação da ONU na região
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.