São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2011

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BC Europeu poderá comprar títulos para evitar pânico

Medida visa acalmar mercados na reabertura das Bolsas, hoje; instituição promete 'atuar ativamente' contra a crise

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Depois de uma reunião de emergência, o BCE (Banco Central Europeu) anunciou ontem que irá atuar ativamente para garantir a estabilidade na zona do euro.
Isso significa que o banco poderá comprar a partir de hoje títulos públicos de Itália e Espanha, que têm pago juros de até 6% ao ano por papéis de dez anos, percentual insustentável a longo prazo.
É uma tentativa do BCE de acalmar os mercados, que na semana passada tiveram perdas não vistas desde 2008.
Entre as razões para o pânico no sistema financeiro estão o risco de calote de alguns países europeus (Itália e Espanha, em especial) e a expectativa de que ocorra uma nova recessão mundial.
Os efeitos da decisão da Standard & Poor's, que na sexta anunciou o rebaixamento da nota de crédito dos EUA de AAA para AA+ também por excesso de dívidas, só serão conhecidos hoje.
Em comunicado, o BCE disse que Itália e Espanha estão tomando medidas corretas para reduzir a dívida, elevar a competitividade e crescer.
Na sexta-feira, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, anunciou que irá acelerar a implementação de um pacote de austeridade para acabar com o déficit do país até 2013.
A dívida da Itália hoje equivale a 120% do PIB (conjunto de riquezas do país), e sua economia patina. No segundo trimestre, cresceu só 0,3% em relação ao anterior. Na Espanha, o avanço foi de 0,2%.
O comunicado diz ainda que é essencial que os 17 países da zona do euro aprovem as reformas no Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, anunciadas em julho.
Com as reformas, o fundo poderá também comprar títulos das dívidas dos países em crise, o que hoje só o BCE pode fazer. O problema é que a mudança tem de ser aprovada pelos Legislativos dos países, o que deve ocorrer só em setembro, após recesso.
Além da reunião do BCE, líderes das principais economias do mundo também discutiram por telefone formas de tentar evitar que hoje seja um dia de grandes perdas.
Em outro comunicado, os ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais do G7 (as maiores economias do mundo) também se comprometeram a tomar "todas as medidas necessárias".
Para analistas, enquanto a crise de 2008 estava centrada nos bancos, a atual é de responsabilidade dos governos, que não agiram no momento mais adequado.

MERCADOS NA ÁSIA
Hoje na Ásia (final da noite no Brasil), as Bolsas abriram com pequena queda no primeiro dia após o anúncio da S&P. No início das operações, o índice Nikkei (Japão) teve recuo de 1,3%. A Bolsa de Hong Kong, porém, caiu mais: 4% no fim da manhã.
O comunicado do BCE ajudou a valorizar o euro ante o dólar. O ouro, refúgio dos investidores em períodos instáveis, também se apreciou.
As Bolsas do Oriente Médio, que funcionam no domingo, fecharam com forte retração. Sob o efeito da decisão da S&P, e sem conhecer as medidas do BCE, a Bolsa de Israel caiu 7%, o maior recuo em quase 11 anos.

Com agências de notícias



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