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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Em discurso na TV, presidente pediria até US$ 80 bi ao Congresso para o pós-guerra e apoio de outros países

Bush pede mais verba e ajuda externa

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O governo dos EUA espera obter a ajuda de pelo menos mais 15 mil soldados de outros países no Iraque e deve pedir ao Congresso, nesta semana, de US$ 60 bilhões a US$ 80 bilhões para continuar a ocupação no país.
Em pronunciamento de 15 minutos à nação, marcado para a noite de ontem, a poucos dias do segundo aniversário do 11 de Setembro, na quinta-feira, o presidente norte-americano, George W. Bush, ressaltaria a importância de os EUA se manterem ""resolutos" no Iraque e na sua ""missão" de combater o terrorismo ao redor do mundo.
Segundo extratos do discurso antecipados pela Casa Branca, Bush diria que a ""campanha de guerrilha" contra os EUA no Iraque demandaria ""sacrifícios" que os norte-americanos estão ""dispostos a enfrentar".
Bush cobraria também uma participação maior das Nações Unidas no pós-guerra iraquiano, afirmando que a comunidade internacional tem agora ""uma oportunidade, e a responsabilidade, de assumir um papel mais amplo para tornar o Iraque um país livre e democrático".
""Os terroristas têm o objetivo estratégico de fazer com que deixemos o Iraque antes que terminemos nosso trabalho. Os inimigos da liberdade mantêm uma atitude desesperada no Iraque, e eles devem ser derrotados. Isso levará tempo e vai demandar sacrifícios", diria Bush na TV.
Em entrevista ontem pela manhã, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou que os EUA esperam obter a ajuda de cerca de 15 mil soldados de outros países após a aprovação de uma nova resolução no Conselho de Segurança da ONU, atualmente em discussão.
Powell disse que Índia, Paquistão e Turquia são os países mais propensos a ajudar os EUA.
Powell voltou a dizer que os EUA vão buscar uma nova resolução na ONU que garanta um amplo apoio à ação no Iraque. Rússia, França e Alemanha disseram que a proposta dos EUA deve mudar para dar mais poder à ONU.
Nesta semana, Bush deverá enviar ao Congresso um pedido de mais verba para a ação militar no Iraque. No primeiro semestre, após o início dos combates, Bush obteve US$ 79 bilhões além do previsto para o esforço de guerra.
O novo pedido seria incorporado a um orçamento militar recorde de US$ 380 bilhões já acertado para o ano fiscal de 2004, que começa em outubro.
O pronunciamento de Bush ontem -o primeiro na Casa Branca desde que foi declarado o início das hostilidades contra o Iraque, em 19 de março passado- teria o objetivo de rebater as críticas sobre a atuação americana no país que têm surgido, principalmente, entre os pré-candidatos democratas à eleição presidencial do ano que vem.

Pesquisa
Pesquisa divulgada ontem pela rede CBS mostra que três quartos dos americanos acreditam que Bush conseguiu tornar os EUA mais seguros desde que iniciou a chamada ""guerra contra o terrorismo", em reação aos atentados de 11 de setembro de 2001 contra Nova York e o Pentágono.
A estratégia de Bush é capitalizar esse apoio no momento em que aumentam as críticas sobre a falta de planejamento no Iraque e em relação à morte de soldados no país.
Até sábado, 287 americanos haviam morrido no Iraque, 149 depois que Bush declarou o fim dos principais combates a bordo de um porta-aviões, em 1º de maio passado.
Bush continua mal avaliado, no entanto, na condução da economia. Cerca de dois terços dos americanos acreditam que o presidente dos EUA não teve sucesso na criação de novos empregos, e a metade acha que Bush não fez nada para ajudar a recuperar o ritmo dos negócios no país.



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