São Paulo, quinta-feira, 08 de setembro de 2011

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11/9/2001 O DIA QUE MARCOU UMA DÉCADA

Dia 11/9 nos deixou mais duros, diz pai de brasileiro morto

Ivan Fairbanks Barbosa assistiu à queda das torres pela TV; seu filho trabalhava numa corretora num dos prédios

Médico relata como, após subterfúgios, aceitou a perda do filho; 'Não vejo mais os vídeos das torres caindo', diz


Marisa Cauduro/Folhapress
O médico Ivan Fairbanks Barbosa, 70; no retrato, seu filho Ivan Kyrillos, morto em 11/9

DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO

Há dez anos, Ivan Fairbanks Barbosa, 70, assistiu pela TV à queda das Torres Gêmeas. Seu filho, Ivan Kyrillos, 30, trabalhava em uma corretora no local e é um dos três brasileiros mortos.
O intervalo até hoje fez com que o médico se adaptasse à perda. Mas o espaço vazio, diz, nunca será preenchido.
Barbosa recebeu a notícia da morte de Bin Laden, em maio, com dúvidas. "Não sabia dizer como eu me sentia, mas era uma coisa positiva."
"Esse não foi o fim de um capítulo, mas foi feita a justiça." Na mesa do consultório, uma miniatura das torres.

 

Folha - Por que você, ao contrário de outros familiares de brasileiros mortos no atentado, fala com a imprensa?
Ivan Fairbanks Barbosa -
Eu me sinto devedor da imprensa. Assisti a tudo pela televisão. Além disso, os jornalistas fizeram uma corrente de solidariedade de uma rapidez brutal, em busca de informações sobre meu filho.

Como soube dos ataques?
Alguém telefonou. Pedi para tirarem o paciente da sala. Esperava que ele estivesse fora do prédio. Eu tinha medo de que ele se ferisse tentando ajudar outras pessoas.

Como foi a aceitação?
Você acredita em mentiras, para lidar com a perda. Em palpites. Havia quem me dissesse que tinha visto ele na rua. Eu ficava procurando. Afirmaram também que haviam visto ele em um documentário na Flórida, e um amigo foi para lá procurá-lo. São coisas que aliviam. Mas, quando confirmamos que ele estava no prédio, não podíamos ter esperanças. Dez anos depois, como você lida com a perda? Você se adapta -mas não supera. O espaço vazio nunca vai ser preenchido.

Você costuma se informar sobre o assunto, ainda hoje?
Nos primeiros dias, sim. Mas, hoje, não fico cavucando. Não assisto mais aos vídeos das torres caindo.

Como você reagiu à notícia da morte de Osama bin Laden?
Me perguntavam como eu me sentia, e eu não sabia dizer. Mas era uma coisa positiva. Bin Laden é um guerreiro. É assim que um guerreiro morre. Não foi o fim de um capítulo, mas foi feita a justiça.

Esse dia mudou o mundo?
O que me servia de consolo era pensar que um atentado daquela brutalidade seria um marco a se pensar. Esperava que mudasse o mundo, mas nos deixou mais duros.

FOLHA.com
Veja vídeo da entrevista
www.folha.com/no971049


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