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REAÇÃO
Kenneth Maxwell diz que teme reação do taleban e que EUA agiram sob pressão popular
Para historiador inglês, luta dos americanos não será fácil
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o historiador inglês Kenneth Maxwell, que trabalha na
Council on Foreign Relations, de
Nova York, o momento é de prudência e de calma. Para ele, a reação do governo americano é uma
resposta à pressão popular que
exigia um contra-ataque imediato
às ações terroristas ocorridas em
Nova York e em Washington.
"Sei que essa não será uma luta
fácil", disse o historiador em entrevista à Folha. Maxwell afirmou
estar preocupado com a amplitude dos ataques militares e com
um provável contra-ataque por
parte de grupos talebans. "A amplitude da guerra ou quanto tempo pode durar, isso é impossível
imaginar." Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Folha - Como o senhor acompanhou hoje (ontem) o contra-ataque
dos Estados Unidos em Cabul?
Kenneth Maxwell - Tive conhecimento do ataque pela televisão e
confesso que estou preocupado.
Há mais de três semanas a população vinha pressionando o governo norte-americano para que
respondesse aos ataques terroristas. Mas eu ainda acredito que
uma ação militar drástica não é a
melhor resposta para conflitos.
Nesse momento, o governo dos
EUA precisa ter muita prudência
e muita calma.
Folha - Qual é a amplitude desses
ataques militares? O senhor acredita que grupos terroristas podem
voltar a atacar os EUA?
Maxwell - Essa é a grande pergunta, saber como o Afeganistão
vai reagir. Em uma guerra, todos
os países têm seus aliados, e há o
risco de retaliações por grupos
simpáticos ao Taleban em território norte-americano. Uma vez
que Osama bin Laden planejou as
ação de 11 de setembro, é de se esperar que ele também tenha imaginado os desdobramentos e a
resposta militar dos EUA. Mas a
amplitude da guerra ou quanto
tempo pode durar, isso é impossível imaginar.
Folha - Para o senhor, foi correta
a atitude dos Estados Unidos?
Maxwell - O governo norte-americano respondeu hoje (ontem)
aos desejos da população. Era
muito difícil os EUA silenciarem
diante de tantos assassinatos de
seus cidadãos. Foram mais de três
semanas com pressão popular e
com a expectativa internacional
do que poderia ocorrer. Agora, o
sucesso da ação militar dos Estados Unidos vai depender de como
e onde eles vão atacar. E ainda se
conseguirão ser precisos para
atingir somente bases militares e
quartéis do Taleban. Para isso, os
EUA vão precisar da colaboração
de seus aliados e, principalmente,
do apoio logístico e militar dos
inimigos do Taleban. Sei que essa
não será uma luta fácil.
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