São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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REAÇÃO

Kenneth Maxwell diz que teme reação do taleban e que EUA agiram sob pressão popular

Para historiador inglês, luta dos americanos não será fácil

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o historiador inglês Kenneth Maxwell, que trabalha na Council on Foreign Relations, de Nova York, o momento é de prudência e de calma. Para ele, a reação do governo americano é uma resposta à pressão popular que exigia um contra-ataque imediato às ações terroristas ocorridas em Nova York e em Washington.
"Sei que essa não será uma luta fácil", disse o historiador em entrevista à Folha. Maxwell afirmou estar preocupado com a amplitude dos ataques militares e com um provável contra-ataque por parte de grupos talebans. "A amplitude da guerra ou quanto tempo pode durar, isso é impossível imaginar." Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Folha - Como o senhor acompanhou hoje (ontem) o contra-ataque dos Estados Unidos em Cabul?
Kenneth Maxwell -
Tive conhecimento do ataque pela televisão e confesso que estou preocupado. Há mais de três semanas a população vinha pressionando o governo norte-americano para que respondesse aos ataques terroristas. Mas eu ainda acredito que uma ação militar drástica não é a melhor resposta para conflitos. Nesse momento, o governo dos EUA precisa ter muita prudência e muita calma.

Folha - Qual é a amplitude desses ataques militares? O senhor acredita que grupos terroristas podem voltar a atacar os EUA?
Maxwell -
Essa é a grande pergunta, saber como o Afeganistão vai reagir. Em uma guerra, todos os países têm seus aliados, e há o risco de retaliações por grupos simpáticos ao Taleban em território norte-americano. Uma vez que Osama bin Laden planejou as ação de 11 de setembro, é de se esperar que ele também tenha imaginado os desdobramentos e a resposta militar dos EUA. Mas a amplitude da guerra ou quanto tempo pode durar, isso é impossível imaginar.

Folha - Para o senhor, foi correta a atitude dos Estados Unidos?
Maxwell -
O governo norte-americano respondeu hoje (ontem) aos desejos da população. Era muito difícil os EUA silenciarem diante de tantos assassinatos de seus cidadãos. Foram mais de três semanas com pressão popular e com a expectativa internacional do que poderia ocorrer. Agora, o sucesso da ação militar dos Estados Unidos vai depender de como e onde eles vão atacar. E ainda se conseguirão ser precisos para atingir somente bases militares e quartéis do Taleban. Para isso, os EUA vão precisar da colaboração de seus aliados e, principalmente, do apoio logístico e militar dos inimigos do Taleban. Sei que essa não será uma luta fácil.


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