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São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Mobilização de tropas dos EUA é uma das maiores no pós-guerra; ataques matam mais três soldados

Bagdá vive dia de protestos e mortes

DA REDAÇÃO

Em um dia violento marcado por uma das maiores mobilizações de tropas dos EUA no Iraque desde o fim dos principais confrontos, em 1º de maio, três soldados americanos foram mortos ontem em ataques a bomba na região de Bagdá. Washington conta agora 91 baixas em ataques e 94 em acidentes no pós-guerra.
No início da noite, cerca de 200 soldados americanos, resguardados por helicópteros e tanques, cercaram uma mesquita xiita onde iraquianos protestavam contra a detenção de um imã. Para dispersar o grupo, os americanos disparavam tiros para o ar.
Depois de uma hora de tensão, soldados e manifestantes continuavam a chegar ao local -os cerca de 600 iraquianos que iniciaram o protesto aumentaram para 3.000 em poucas horas.
Alguns manifestantes acusaram os soldados de terem deixado granadas na mesquita como subterfúgio para prender o imã. O comando dos EUA disse que checaria as acusações contra o clérigo.
A capital também experimentou mais um dia de protesto contra o desemprego -eles se tornaram quase diários desde a última semana. A manifestação de ontem foi promovida por cerca de 2.000 ex-agentes de inteligência do regime deposto, que arremessavam pedras do calçamento nos soldados dos EUA de guarda em uma base das forças ocupantes.
A 800 metros, no estacionamento da Chancelaria, ocorreu uma explosão. Testemunhas disseram ter visto vestígios de granadas-foguetes, mas os militares afirmaram não se tratar de bomba.
Não há registro de feridos em nenhum dos incidentes.
Apesar dos diferentes focos de tensão na capital, o administrador americano no Iraque, Paul Bremer, afirmou que a situação de segurança não está se deteriorando. O diplomata passou o dia em Hilla, 70 km ao sul de Bagdá, em uma conferência de mulheres.
"Isso é bobagem, a situação de segurança não está piorando", declarou. "É claro que haverá protestos. Temos protestos em todas as democracias do mundo."
Bremer ainda citou melhorias. "Quando eu cheguei a Bagdá, em maio, a cidade estava pegando fogo. Não havia eletricidade, as escolas, as universidades e os hospitais estavam todos fechados", afirmou. "Essas coisas todas têm melhorado diariamente."

Mortos e passaportes
Um dos soldados mortos ontem foi vítima de um ataque durante a manhã a oeste de Bagdá. Em um intervalo de uma hora, outros dois militares americanos e seu intérprete iraquiano foram mortos quando uma bomba explodiu na estrada pela qual passavam em Haswah, 40 km ao sul da capital.
Em Tikrit (noroeste), a cidade em que o ex-ditador Saddam Hussein foi criado, mais três soldados se feriram em uma explosão semelhante à de Haswah.
Em uma nova operação na conturbada região noroeste do país, as forças americanas capturaram um ex-oficial do Exército iraquiano, dissolvido em maio pelas forças ocupantes, acusado de planejar ataques da resistência.
Com ele, foram presas mais seis pessoas e apreendido material para a confecção de bombas, além de munição, dinheiro e passaportes -um russo, um alemão e outros de países da região.


Com agências internacionais

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