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Sob pressão americana, Costa Rica vota TLC
EUA avisaram que, se acordo comercial fosse rejeitado, não haveria renegociação
Votação de referendo, 1º da história da Costa Rica, teve ampla participação; última sondagem dava vantagem aos partidários do "não"
DA REDAÇÃO
A Costa Rica foi às urnas ontem para decidir se ratifica ou
não o TLC (Tratado de Livre
Comércio) assinado com os
EUA em 2004 sob pressão da
Casa Branca, que no sábado
voltou a afirmar em comunicado que não renegociará o acordo caso ele seja rejeitado.
A votação do referendo, o primeiro da história do país centro-americano, transcorreu
sem incidentes e com alta participação, o que indica que será
alcançado o índice de 40% de
presença de eleitores necessário para que o resultado tenha
valor. Cerca de 2 milhões de
pessoas estão aptas a votar.
Até o fechamento desta edição, não havia números da apuração disponíveis. Apesar de
uma pesquisa na última semana apontar vantagem de até 12
pontos para o "não", analistas
costarriquenhos mantinham
previsão de uma votação apertada, com chances para ambos
os lados da disputa.
No referendo estão em jogo o
futuro da relação da Costa Rica
com seu principal parceiro comercial, os EUA, e com seus vizinhos, além do futuro do governo de centro-direita de Oscar Arias, que liderou a campanha do "sim".
"Se o tratado de livre comércio for rechaçado, os EUA não
renegociarão o pacto assinado
com o governo, parte de um
acordo amplo com países centro-americanos", ameaçou a
Casa Branca, em comunicado
distribuído anteontem, na véspera da eleição.
O governo americano disse
ainda que a Costa Rica não poderá pleitear preferências tarifárias no comércio com os
EUA. O sistema atual que beneficia o país expira em 2008.
A Costa Rica é o único membro do Cafta-DR, o acordo de livre comércio dos EUA com países da região, que ainda não ratificou o tratado. Nicarágua,
Guatemala, Honduras, El Salvador e República Dominicana
já estão no sistema.
O acordo regional é considerado o embrião de uma união
aduaneira na região, requisito
para que a América Central negocie um acordo de livre comércio com a União Européia.
Para os partidários do "não",
porém, ratificar o tratado significa arriscar ganhos sociais dos
costarriquenhos e os preços
dos serviços públicos e dos remédios. O TLC inclui a abertura do monopólio estatal de telecomunicações e endurece a lei
de propriedade intelectual, restringindo a compra de medicamentos genéricos.
Jogam também contra o TLC
os primeiros resultados dos vizinhos que já o implantaram.
Na maior parte deles, o primeiro impacto foi a explosão dos
índices de importação.
"Temos os melhores indicadores sociais da região, um bom
sistema de saúde que financia a
compra de remédios. Se os preços aumentarem, isso pode ser
comprometido", disse à Folha
o analista político Victor Ramírez, que acredita ter sido um
"erro enorme" negociar o acordo em conjunto.
Na Costa Rica, 18% vivem
abaixo da linha de pobreza e o
sistema educacional e de saúde
está entre os mais abrangentes
da América Latina.
(FLÁVIA MARREIRO)
Com agências internacionais
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