São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Libertada, filha de Pinochet ataca Bachelet e se diz "presa política"

Governo ironiza declaração e compara Justiça atual com a vigente na ditadura

DA REDAÇÃO

Ao deixar a prisão depois de dois dias, a filha mais velha do ditador Augusto Pinochet, Lucía Pinochet Hiriart, enviou à imprensa anteontem declaração onde se define como "presa política" e acusa o governo Michelle Bachelet de influenciar a Justiça de modo a provocar a detenção de seus parentes.
"Os que aplaudem a nossa prisão são os mesmos que, segundo as pesquisas, perdem aceleradamente o apoio popular", escreveu Lucía em referência ao índice de 35% de aprovação de Bachelet -o mais baixo desde que assumiu. "Tenho fé que cedo ou tarde vai deixar o governo essa ideologia que corrói a integridade fiscal e contaminou o Judiciário em termos que o leva a cometer abusos como este", continuou.
O governo reagiu. "Aqueles que se fazem chamar de presos políticos tiveram julgamento de um juiz que todos conhecemos, com decisões apeláveis. Creio que é bastante mais do que tiverem os milhares de chilenos durante a longa noite que viveu o Chile durante o regime Pinochet", disse o porta-voz Ricardo Lagos Weber.
Lucía Pinochet Hiriart, sua mãe e seus quatro irmãos, além de 16 colaboradores próximos do general, foram presos na última quinta-feira acusados de malversação de verbas públicas. O desvio seria a origem de bens da família Pinochet no Chile e da fortuna que mantém em contas no exterior, avaliada em US$ 27 milhões.
O grupo teve liberdade provisória concedida pela Corte de Apelações de Santiago anteontem. A instância deve analisar hoje os recursos da defesa que querem a anulação da ação, movida pelo juiz Carlos Cerda.
Lucía também criticou Cerda, que viajou aos EUA para receber um prêmio em dinheiro pelo trabalho em nome dos direitos humanos. "É inacreditável que [...] um juiz que viaja ao exterior para receber um prêmio em dinheiro nos converta em presos políticos no sentido mais genuíno dessa expressão."
Segundo Lucía, que já respondeu a outros processos por corrupção e já declarou sua intenção de entrar para vida política, o objetivo da operação é "diminuir aos olhos da história o governo que salvou o Chile de sua hora mais negra".
O general Pinochet morreu em dezembro passado sem ser julgado pelas acusações de seqüestros e assassinatos durante durante seu governo, entre 1973 e 1990.


Com agências internacionais

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