São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009

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Equipe de Obama busca saída para o dilema afegão

No aniversário de oito anos da guerra, presidente americano reúne seus principais assessores para traçar nova estratégia

Congresso aprova mais US$ 128,6 bi para esforços no país e no Iraque, levando o custo das duas guerras à casa de US$ 1 trilhão


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

No dia em que a Guerra do Afeganistão completou oito anos, o que a iguala à do Vietnã como a mais longa na qual os EUA se envolveram, o governo Barack Obama se reuniu para decidir qual a estratégia a ser implantada a seguir.
Segundo relatos preliminares do encontro do presidente com seus principais assessores, ganhou força a hipótese de que o novo plano será implantado sem alteração no atual número de soldados no país, hoje de 68 mil homens.
Ganhou força, também, a ideia de lidar com o conflito naquele país como um front com dois inimigos distintos: a organização terrorista Al Qaeda e o grupo extremista Taleban, com o foco maior no primeiro.
A posição de não diminuir o número de tropas havia vazado já na noite de terça, quando Obama se reuniu também na Casa Branca com membros de ambos os partidos majoritários do Congresso.
De acordo com o que contaram participantes, ele descartou diminuir o contingente, embora também não tenha confirmado se vai ceder aos apelos de seu comandante militar ali, o general Stanley McChrystal, que pediu mais tropas. Na reunião, Obama e seu concorrente nas eleições presidenciais de 2008, o republicano John McCain, teriam trocado palavras ásperas.
O senador teria dito ao presidente que "o tempo não está do nosso lado" e que "a decisão sobre a estratégia não pode acontecer num ritmo de calma", ao que Obama teria replicado, irritado: "Garanto que não vai acontecer calmamente". A lentidão para decidir os rumos de um conflito crescentemente impopular vem valendo críticas tanto da oposição como da base governista. Os democratas temem que Obama ceda aos apelos de escalada militar, ação que os republicanos aprovam.
O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, disse que se enganavam os que achavam que os participantes da reunião de ontem sairiam da Sala da Situação e dariam um número de tropas a ser adicionadas. Esse não é o único ponto em discussão, afirmou Gibbs.
Estão na mesa questões mais complexas, como que tipo de parceria os EUA querem com os afegãos, afirmou. "Nós estamos examinando tudo sistematicamente", disse Gibbs. É a terceira reunião do tipo que Obama tem nesta semana. Outra deve ocorrer amanhã, e uma quinta, na semana que vem.
Na terça à noite, o Senado aprovou o orçamento do Pentágono para o ano fiscal de 2010, que começa neste mês. São US$ 625,6 bilhões -ou o equivalente a um terço do PIB brasileiro-, que incluem US$ 128,6 bilhões para as guerras.
Com isso, segundo pesquisa apartidária do Congresso, o custo total do conflito do Afeganistão e do Iraque até agora vai a US$ 1 trilhão.

Salto nas pesquisas
Ontem ainda, foram divulgados resultados de pesquisa de opinião que mostram um salto na popularidade do presidente, algo que não acontecia desde a posse, em janeiro. Segundo levantamento conduzido pelo consórcio Associated Press-GfK, 56% dos ouvidos aprovam a performance do democrata, ante 50% da pesquisa anterior.
Entre os pontos apontados como positivos na gestão do democrata estão a economia (50% dos ouvidos) e a proposta de reforma do sistema de saúde pública (48%). Entre os negativos, a condução da Guerra do Afeganistão está em primeiro lugar (41%). Foram ouvidos 1.003 adultos no país, entre 1º e 5 de outubro; a margem de erro é de 3.1 pontos percentuais.


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