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Grupo atira em estudantes em Caracas
Ataque em campus universitário deixa ao menos 8 feridos; autores, que taparam os rostos, ainda não foram identificados
Episódio foi após passeata promovida por grêmios contra reforma na Carta; vítimas acusam alunos
que apóiam o governo
DA REDAÇÃO
Um grupo armado abriu fogo
ontem contra estudantes no
campus da Universidade Central da Venezuela (UCV), em
Caracas, logo após protesto
promovido por grêmios universitários contra a reforma constitucional proposta pelo governo Hugo Chávez. Ao menos oito pessoas ficaram feridas, pelo
menos duas a bala, segundo o
diretor-geral de Proteção Civil,
Antonio Rivero.
"Não sabemos a origem. Em
um momento, vi que chegaram
os estudantes [que] foram agredidos por outros encapuzados.
Não sei quem eram nem a que
grupo pertenciam", disse Rivero à local Unión Radio.
Fotógrafos da agência americana Associated Press, que estavam no campus, disseram ter
visto pelo menos quatro homens com rostos encobertos
que atiraram em estudantes
quando eles chegavam da marcha contra a reforma da Carta.
Não estava claro, até o fechamento desta edição, se as pessoas armadas já haviam deixado o campus. Segundo informações do vice-reitor da UCV,
Edgar Narváez, parte delas
continuava no prédio da Escola
de Trabalho Social, onde teria
começado o incidente. Um dos
atiradores, ainda segundo Narváez, seria aluno da unidade.
Em relatos a meios de imprensa locais, estudantes e funcionários da universidade acusaram grupos pró-governo de
haver "tomado" o edifício da
Escola de Trabalho Social e começado a confusão.
Quando os tiros começaram,
houve correria no campus. Um
ônibus foi queimado.
A Guarda Nacional não foi
autorizada pelos dirigentes da
UCV a entrar no campus, o
maior do país. Pela lei venezuelana, forças de segurança do Estado não podem entrar em universidades, a menos que autoridades da instituição solicitem.
Narváez afirmou à radio
Unión que havia conversado
sobre a situação da universidade com o vice-presidente, Jorge
Rodríguez, com ministros e
com o prefeito de Caracas,
Juan Barreto, que é chavista e
professor da UCV. "Eles vão estabelecer contato com os grupos que supostamente geraram
toda essa violência para tratar
de pôr fim ao que está acontecendo", disse o vice-reitor.
O ministro do Interior, Pedro
Carreño, que havia negociado
com os estudantes o esquema
de segurança da marcha de ontem, afirmou na TV que os causadores da violência tinham sido os estudantes contrários ao
governo (leia nesta página).
Sites oficiais como a Agência
Bolivariana de Notícias não noticiaram o episódio ontem.
Sem incidentes
Os tiros na UCV começaram
após uma passeata sem incidentes que reuniu dezenas de
milhares de pessoas em Caracas. Ao final da marcha, uma
comissão de estudantes entregou ao Tribunal Supremo de
Justiça (TSJ) um pedido formal para adiar o referendo sobre a reforma constitucional,
marcado para 2 de dezembro.
Cerca de 3.000 policiais
acompanharam o ato.
Os grêmios estudantis promovem há duas semanas atos
públicos massivos contra a reforma constitucional. Em vários deles houve confrontos entre estudantes, grupos chavistas e policiais.
O argumento dos estudantes
para pedir o adiamento do referendo é o de que não haverá
tempo suficiente para que a população avalie as mudanças na
Carta propostas pelo presidente Hugo Chávez, entre elas a
instituição da reeleição ilimitada. O projeto foi emendado por
deputados chavistas e aprovado pela Assembléia Nacional na
sexta-feira.
A presidente do Tribunal Supremo, Estela de Morales, disse
que a petição terá análise imediata. Porém, como a corte é
pró-Chávez, a possibilidade de
adiamento é remota.
Com agências internacionais
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