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Bolívia rompe diálogo sobre Constituinte
Vice-presidente anuncia fim das conversas com oposição para tentar reativar redação da nova Carta
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Em pronunciamento anteontem à noite, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García
Linera, anunciou o fim das conversas entre o governo e a oposição para retomar os trabalhos
da Assembléia Constituinte,
que não aprovou um artigo sequer depois de 15 meses de sua
instalação.
García Linera, considerado o
principal articulador político
do presidente Evo Morales, disse ainda que a Assembléia funcionará apenas com os governistas, que têm a maioria simples, e tomará medidas "radicais" em relação à propriedade
privada.
"A minoria que hoje aplaude
feliz as dificuldades desse cenário democrático logo não terá
direito a reclamar que a maioria tome decisões radicais sobre temas da propriedade privada", disse García Linera.
As declarações de Linera foram uma reação a mais um fracasso nas negociações entre o
governo e líderes do departamento (Estado) de Chuquisaca,
cuja capital, Sucre, abriga a sede da Assembléia.
Organizações regionais têm
exigido que a capital do país seja transferida para Sucre na nova Constituição. A mudança é
rejeitada pelo governo, que ofereceu um pacote de medidas,
como a instalação de algumas
atividades do Legislativo em
Sucre, mas a contraproposta foi
rechaçada pelos oposicionistas
anteontem. Ontem, havia a expectativa de que o MAS (Movimento ao Socialismo) anunciasse unilateralmente a mudança da sede da Assembléia
para Oruro, o que acabou não
se concretizando.
A oposição criticou as declarações de García Linera, acusando-o de interromper o diálogo, e prometeu manifestações para os próximos dias.
A Constituinte foi uma das
principais promessas da campanha presidencial de Evo Morales, no final de 2005. Entre as
propostas dos governistas para
a nova Carta estão a reeleição
sem limites para presidente, a
autonomia administrativa das
comunidades indígenas e o
"Estado comunitário", com as
organizações sociais como controladoras e fiscalizadoras.
A oposição quer maior autonomia para os departamentos
(Estados), a mudança da capital
de La Paz para Sucre e rejeita a
reeleição sem limites.
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