São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Bolívia rompe diálogo sobre Constituinte

Vice-presidente anuncia fim das conversas com oposição para tentar reativar redação da nova Carta

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ

Em pronunciamento anteontem à noite, o vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, anunciou o fim das conversas entre o governo e a oposição para retomar os trabalhos da Assembléia Constituinte, que não aprovou um artigo sequer depois de 15 meses de sua instalação.
García Linera, considerado o principal articulador político do presidente Evo Morales, disse ainda que a Assembléia funcionará apenas com os governistas, que têm a maioria simples, e tomará medidas "radicais" em relação à propriedade privada.
"A minoria que hoje aplaude feliz as dificuldades desse cenário democrático logo não terá direito a reclamar que a maioria tome decisões radicais sobre temas da propriedade privada", disse García Linera.
As declarações de Linera foram uma reação a mais um fracasso nas negociações entre o governo e líderes do departamento (Estado) de Chuquisaca, cuja capital, Sucre, abriga a sede da Assembléia.
Organizações regionais têm exigido que a capital do país seja transferida para Sucre na nova Constituição. A mudança é rejeitada pelo governo, que ofereceu um pacote de medidas, como a instalação de algumas atividades do Legislativo em Sucre, mas a contraproposta foi rechaçada pelos oposicionistas anteontem. Ontem, havia a expectativa de que o MAS (Movimento ao Socialismo) anunciasse unilateralmente a mudança da sede da Assembléia para Oruro, o que acabou não se concretizando.
A oposição criticou as declarações de García Linera, acusando-o de interromper o diálogo, e prometeu manifestações para os próximos dias.
A Constituinte foi uma das principais promessas da campanha presidencial de Evo Morales, no final de 2005. Entre as propostas dos governistas para a nova Carta estão a reeleição sem limites para presidente, a autonomia administrativa das comunidades indígenas e o "Estado comunitário", com as organizações sociais como controladoras e fiscalizadoras.
A oposição quer maior autonomia para os departamentos (Estados), a mudança da capital de La Paz para Sucre e rejeita a reeleição sem limites.


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