São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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Bush e Sarkozy selam união contra Irã nuclear

Ao fim de visita oficial, presidente francês diz que país armado é "inaceitável"

Sarkozy reaquece relações, frias desde a invasão do Iraque, mas alerta para dólar em queda e adverte contra "guerra econômica"

Ron Edmonds/Associated Press
Sarkozy, "o americano", é recebido por Bush para jantar de gala na Casa Branca, na noite de terça


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Ao final da primeira visita oficial que faz aos Estados Unidos como presidente, o francês Nicolas Sarkozy retomou um tema em que os dois países têm posições semelhantes para reaquecer as relações bilaterais, esfriadas desde a invasão do Iraque, em 2003, à qual a França se opôs com veemência.
Assim, disse Sarkozy, um Irã com armas nucleares é "inaceitável" e "há a necessidade de endurecer as sanções" contra aquele país. Ecoava o que havia dito minutos antes George W. Bush, para quem "a idéia de o Irã ter uma arma nuclear é perigosa e agora é o momento de trabalharmos juntos para resolver esse problema".
Deu certo. "Você deixou muita gente bem impressionada aqui em sua viagem", elogiou Bush. Ambos falavam à imprensa em Mount Vernon, histórica residência de George Washington no Estado da Virgínia, no final de dois dias de programação intensa.
Indagados sobre se haviam ultrapassado as divergências em relação ao Iraque, saíram pela tangente. "Nós tínhamos uma diferença de opinião [em 2003]", disse Bush. "Mas eu não percebo nenhuma diferença agora que uma democracia em formação quer a ajuda daqueles que vivem no conforto das sociedades livres."
"O que a França quer?", perguntou, retoricamente, Sarkozy, para responder: "Um Iraque unido. Não é do interesse de ninguém ver um Iraque fragmentado. Queremos um Iraque democrático, diverso".
Ambos comentariam ainda a situação no Paquistão ao pedir eleições parlamentares naquele país o quanto antes. Bush afirmou que havia acabado de ter uma "conversa franca" com o presidente Pervez Musharraf e lhe recomendou que deixasse o comando do Exército.
Mas foi um desvio numa tarde de declarações mútuas de amizade. Sarkozy chegou mesmo a dizer "We love America", referindo-se ao país que governa. A declaração foi dada horas antes, durante discurso feito pelo francês em sessão conjunta do Congresso, honraria raramente dada a chefes de Estado estrangeiros. "A América pode contar com a França", afirmou. "Juntos, unidos, nós devemos lutar contra o terror."
Na noite anterior, o francês havia sido recebido em jantar de gala na Casa Branca. Antes, reuniu-se com empresários franceses e norte-americanos. Na ocasião, criticou o dólar enfraquecido diante do euro, que prejudica as exportações dos países europeus, o que voltaria a fazer ontem, no Congresso.
As pessoas "esperam que os EUA sejam os primeiros a promover taxas de câmbio justas", afirmou. "O iuan [a moeda chinesa] já é problema de todo mundo. O dólar não pode permanecer problema dos outros." Se o mundo não for cuidadoso, disse, a crise econômica "pode se transformar em guerra econômica, e todos nós seremos suas vítimas".


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