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Bush e Sarkozy selam união contra Irã nuclear
Ao fim de visita oficial, presidente francês diz que país armado é "inaceitável"
Sarkozy reaquece relações, frias desde a invasão do Iraque, mas alerta para dólar em queda e adverte contra "guerra econômica"
Ron Edmonds/Associated Press
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Sarkozy, "o americano", é recebido por Bush para jantar de gala na Casa Branca, na noite de terça |
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Ao final da primeira visita
oficial que faz aos Estados Unidos como presidente, o francês
Nicolas Sarkozy retomou um
tema em que os dois países têm
posições semelhantes para reaquecer as relações bilaterais,
esfriadas desde a invasão do
Iraque, em 2003, à qual a França se opôs com veemência.
Assim, disse Sarkozy, um Irã
com armas nucleares é "inaceitável" e "há a necessidade de
endurecer as sanções" contra
aquele país. Ecoava o que havia
dito minutos antes George W.
Bush, para quem "a idéia de o
Irã ter uma arma nuclear é perigosa e agora é o momento de
trabalharmos juntos para resolver esse problema".
Deu certo. "Você deixou muita gente bem impressionada
aqui em sua viagem", elogiou
Bush. Ambos falavam à imprensa em Mount Vernon, histórica residência de George
Washington no Estado da Virgínia, no final de dois dias de
programação intensa.
Indagados sobre se haviam
ultrapassado as divergências
em relação ao Iraque, saíram
pela tangente. "Nós tínhamos
uma diferença de opinião [em
2003]", disse Bush. "Mas eu
não percebo nenhuma diferença agora que uma democracia
em formação quer a ajuda daqueles que vivem no conforto
das sociedades livres."
"O que a França quer?", perguntou, retoricamente, Sarkozy, para responder: "Um Iraque unido. Não é do interesse
de ninguém ver um Iraque
fragmentado. Queremos um
Iraque democrático, diverso".
Ambos comentariam ainda a
situação no Paquistão ao pedir
eleições parlamentares naquele país o quanto antes. Bush
afirmou que havia acabado de
ter uma "conversa franca" com
o presidente Pervez Musharraf
e lhe recomendou que deixasse
o comando do Exército.
Mas foi um desvio numa tarde de declarações mútuas de
amizade. Sarkozy chegou mesmo a dizer "We love America",
referindo-se ao país que governa. A declaração foi dada horas
antes, durante discurso feito
pelo francês em sessão conjunta do Congresso, honraria raramente dada a chefes de Estado
estrangeiros. "A América pode
contar com a França", afirmou.
"Juntos, unidos, nós devemos
lutar contra o terror."
Na noite anterior, o francês
havia sido recebido em jantar
de gala na Casa Branca. Antes,
reuniu-se com empresários
franceses e norte-americanos.
Na ocasião, criticou o dólar enfraquecido diante do euro, que
prejudica as exportações dos
países europeus, o que voltaria
a fazer ontem, no Congresso.
As pessoas "esperam que os
EUA sejam os primeiros a promover taxas de câmbio justas",
afirmou. "O iuan [a moeda chinesa] já é problema de todo
mundo. O dólar não pode permanecer problema dos outros."
Se o mundo não for cuidadoso,
disse, a crise econômica "pode
se transformar em guerra econômica, e todos nós seremos
suas vítimas".
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