São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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"Fritas da liberdade" ficam para trás

DE WASHINGTON

Quando George W. e Laura Bush e Nicolas Sarkozy ergueram um brinde, na noite de anteontem, antes de começar o jantar de cordeiro na Casa Branca, enterraram de vez a expressão "fritas da liberdade".
No auge do estranhamento na relação entre os dois países, causado pela oposição francesa à invasão do Iraque liderada por Jacques Chirac, dois membros mais exaltados do Congresso norte-americano rebatizaram as "french fries", fritas francesas, como os norte-americanos chamam suas batatas fritas, de "freedom fries", "fritas da liberdade".
Na terça à noite, o presidente francês quis mostrar que a amizade entre os dois países é quase amor. Em quase mil palavras, na tradução para o inglês, Sarkozy disse que vinha ao país com uma missão: "reconquistar o coração da América". Os dois países serão aliados "para sempre", prometeu, depois de dizer que, cada vez que um soldado americano é morto no mundo, ele pensa no que aquele país fez pelo seu na Segunda Guerra.
O francês de 52 anos, filho de operários, tem apreço legítimo pelas coisas americanas -daí a citação fora de lugar a Elvis Presley, John Wayne e Marilyn Monroe em seu discurso no Capitólio, ontem à tarde.
Mas seu objetivo evidente é ocupar o lugar deixado vazio no coração de George W. com a aposentadoria do britânico Tony Blair. Na estratégia de Sarkozy, a França reconquista relevância se assumir o posto de parceiro preferencial norte-americano na Europa.
Há dois riscos aí: Bush deixa a Casa Branca em um ano e meio, talvez para um sucessor democrata; e, no pacote de amizade, tem de entrar o apoio às ações geopolíticas americanas, o que pode vir morder o calcanhar de Sarkozy em eleições futuras na França. Mas a noite foi de "Sarkô, o americano", como é chamado por críticos na França, em sua acolhida na "Maison Blanche", como brincou Bush. (SD)


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