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"Fritas da liberdade" ficam para trás
DE WASHINGTON
Quando George W. e Laura
Bush e Nicolas Sarkozy ergueram um brinde, na noite
de anteontem, antes de começar o jantar de cordeiro na
Casa Branca, enterraram de
vez a expressão "fritas da liberdade".
No auge do estranhamento na relação entre os dois
países, causado pela oposição francesa à invasão do Iraque liderada por Jacques
Chirac, dois membros mais
exaltados do Congresso norte-americano rebatizaram as
"french fries", fritas francesas, como os norte-americanos chamam suas batatas fritas, de "freedom fries", "fritas da liberdade".
Na terça à noite, o presidente francês quis mostrar
que a amizade entre os dois
países é quase amor. Em
quase mil palavras, na tradução para o inglês, Sarkozy
disse que vinha ao país com
uma missão: "reconquistar o
coração da América". Os dois
países serão aliados "para
sempre", prometeu, depois
de dizer que, cada vez que
um soldado americano é
morto no mundo, ele pensa
no que aquele país fez pelo
seu na Segunda Guerra.
O francês de 52 anos, filho
de operários, tem apreço legítimo pelas coisas americanas -daí a citação fora de lugar a Elvis Presley, John
Wayne e Marilyn Monroe
em seu discurso no Capitólio, ontem à tarde.
Mas seu objetivo evidente
é ocupar o lugar deixado vazio no coração de George W.
com a aposentadoria do britânico Tony Blair. Na estratégia de Sarkozy, a França reconquista relevância se assumir o posto de parceiro preferencial norte-americano
na Europa.
Há dois riscos aí: Bush deixa a Casa Branca em um ano
e meio, talvez para um sucessor democrata; e, no pacote
de amizade, tem de entrar o
apoio às ações geopolíticas
americanas, o que pode vir
morder o calcanhar de Sarkozy em eleições futuras na
França. Mas a noite foi de
"Sarkô, o americano", como
é chamado por críticos na
França, em sua acolhida na
"Maison Blanche", como
brincou Bush.
(SD)
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