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Perseguições são ferramenta para controle da mídia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Há décadas na Rússia reciclam-se os métodos para
frear a liberdade de expressão. O jornalista Mikhail Beketov, por exemplo, acusado
de difamação pelo prefeito
de Khimki, foi alvo de várias
ameaças. Até seu cão foi morto como "aviso".
"A Rússia nunca teve uma
tradição de imprensa livre,
mesmo nos tempos do czar",
diz Marvin Kalb, professor da
Universidade Harvard que
foi diplomata e chefe do escritório da NBC em Moscou.
Perseguições, como a feita
contra Beketov, editor-chefe
do jornal "Khimkinskaya
Pravda" que criticava a prefeitura, são ferramenta comum de controle da mídia
russa atual, e o país já é habitué no mapa de "predadores
da imprensa" da RSF (Repórteres Sem Fronteiras).
A FIJ (Federação Internacional de Jornalistas) chegou
a editar a publicação "Justiça
Parcial, um estudo sobre as
mortes de jornalistas na Rússia de 1993-2009".
O relatório detalha 300
mortes e desaparecimentos
de jornalistas no país e o lento andamento da Justiça.
A Rússia figura em 140º lugar no ranking da liberdade
de imprensa da RSF, lançado
na semana passada. O Brasil,
que, de acordo com a FIJ, teve 27 jornalistas mortos entre
1996 e 2007, contra os 96 da
Rússia, ficou em 85º lugar.
"Uns 99% do que se publica na Rússia são apenas o
que consentem as altas instituições," afirma a dissidente
política Iulia Privedennaya.
Segundo ela, a mídia "só
tece elogios: a vida melhorou, a vida tornou-se mais
alegre -igualzinho ao bordão de uma canção que se
cantava sob Stálin".
Segundo Kalb, isso acontece por dois motivos. Um deles é que o Estado hoje controla a maior parte da mídia.
Gorbatchov foi o primeiro
a privatizar secretamente
parte da imprensa, que atingiu o auge da liberdade de
expressão no governo Ieltsin.
"Quando Putin se instalou
na Presidência, uma das coisas que ele fez, que é típica de
soberanos que desejam reivindicar controle completo
sobre a sociedade, foi começar a readquirir mídias controladas pelo Estado", diz.
Hoje, cada vez menos veículos russos são independentes e muitos têm baixado
as portas por vários motivos.
O segundo motivo é que,
"se há uma voz independente na mídia, ela muito frequentemente é silenciada".
Isso pode explicar por que,
desde 1991, o país tem uma
data para celebrar jornalistas
mortos -11 de dezembro.
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