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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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ELEIÇÃO RUSSA

Zyuganov, líder do Partido Comunista, que sofre derrota esmagadora, chama eleição de "farsa vergonhosa"

Partido de Putin deve vencer legislativas

DA REDAÇÃO

O partido do presidente Vladimir Putin e as formações que o apóiam aparecem liderando a eleição legislativa realizada ontem na Rússia, conforme apontam pesquisas de boca-de-urna e os primeiros resultados da apuração oficial. Os comunistas, segundo esses dados, deverão sofrer uma derrota esmagadora.
O total de votos apurados (11,3%), provenientes do extremo leste do país, indicam que o partido Rússia Unida e as formações que o apóiam devem obter aproximadamente 190 das 450 vagas em disputa na Duma (a Câmara Baixa do Parlamento).
Os primeiros resultados divulgados pela comissão eleitoral apontam que o Rússia Unida tem 36,3% no extremo leste do país. A pesquisa-de-boca de urna prevê que o partido deverá obter 34% dos votos em nível nacional.
Os resultados parciais, divulgados após o fechamento das seções de votação no oeste do país, colocam os comunistas com 12,9% -percentual bem abaixo dos 24% obtidos na eleição de 1999.
O Partido Liberal-Democrático da Rússia, do ultranacionalista Vladimir Jirinovsky, estava até então em segundo lugar, com 14,8% dos votos, à frente dos comunistas, refletindo sua presença tradicionalmente forte no extremo leste da Rússia.
"Os objetivos que o Rússia Unida se propôs, de conseguir a maioria dos votos, está começando a tomar forma", disse Lyubov Sliska, um alto oficial do partido.
Após a divulgação de pesquisas de boca-de-urna confirmando a derrota de seu partido, o líder dos comunistas, Gennady Zyuganov, classificou a eleição legislativa de uma "farsa vergonhosa, que não tem nada em comum com os interesses do país". "Vocês todos são participantes de um espetáculo revoltante que, por alguma razão, é chamado de eleição", concluiu Zyuganov.
Um partido precisa obter pelo menos 5% dos votos para conseguir assentos na Duma. Os votos obtidos por partidos que não conseguirem atingir essa marca são divididos entre os vencedores.
Os resultados preliminares dessa eleição, a quarta após o colapso do comunismo há mais de uma década, devem concentrar ainda mais o poder nas mãos de Putin e abrir caminho para o combate à corrupção e a implantação de reformas, constantemente adiadas, para atrair novos investimentos.
Quando foi votar, Putin deixou claro seu apoio ao Rússia Unida, um partido criado às pressas antes da última eleição para assegurar a ascensão do sucessor de Boris Ieltsin. "Minha preferência é bem conhecida", disse Putin.

"Oligarcas"
A cruzada do presidente contra os chamados "oligarcas", que enriqueceram na década passada graças ao processo de privatização aprovado pelo antecessor de Putin, Boris Ieltsin, levou sua popularidade a estratosféricos 82%, de acordo com pesquisas de opinião recentes.
Embora os níveis de desigualdade socioeconômica da sociedade russa sejam comparáveis aos da brasileira, a economia também joga a favor do presidente. Nos últimos cinco anos, a média anual de crescimento do país foi de 6,6%, segundo a agência de notícias Bloomberg.
Mas para os eleitores, questões mais simples como a pobreza generalizada -20% da população russa vive no limite da pobreza total-, a corrupção na administração pública, a reforma do sistema habitacional -que pode garantir acesso mais fácil à calefação- e a segurança parecem, por ora, ser mais importantes.



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