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ELEIÇÃO RUSSA
Zyuganov, líder do Partido Comunista, que sofre derrota esmagadora, chama eleição de "farsa vergonhosa"
Partido de Putin deve vencer legislativas
DA REDAÇÃO
O partido do presidente Vladimir Putin e as formações que o
apóiam aparecem liderando a
eleição legislativa realizada ontem
na Rússia, conforme apontam
pesquisas de boca-de-urna e os
primeiros resultados da apuração
oficial. Os comunistas, segundo
esses dados, deverão sofrer uma
derrota esmagadora.
O total de votos apurados
(11,3%), provenientes do extremo
leste do país, indicam que o partido Rússia Unida e as formações
que o apóiam devem obter aproximadamente 190 das 450 vagas
em disputa na Duma (a Câmara
Baixa do Parlamento).
Os primeiros resultados divulgados pela comissão eleitoral
apontam que o Rússia Unida tem
36,3% no extremo leste do país. A
pesquisa-de-boca de urna prevê
que o partido deverá obter 34%
dos votos em nível nacional.
Os resultados parciais, divulgados após o fechamento das seções
de votação no oeste do país, colocam os comunistas com 12,9%
-percentual bem abaixo dos
24% obtidos na eleição de 1999.
O Partido Liberal-Democrático
da Rússia, do ultranacionalista
Vladimir Jirinovsky, estava até
então em segundo lugar, com
14,8% dos votos, à frente dos comunistas, refletindo sua presença
tradicionalmente forte no extremo leste da Rússia.
"Os objetivos que o Rússia Unida se propôs, de conseguir a
maioria dos votos, está começando a tomar forma", disse Lyubov
Sliska, um alto oficial do partido.
Após a divulgação de pesquisas
de boca-de-urna confirmando a
derrota de seu partido, o líder dos
comunistas, Gennady Zyuganov,
classificou a eleição legislativa de
uma "farsa vergonhosa, que não
tem nada em comum com os interesses do país". "Vocês todos são
participantes de um espetáculo
revoltante que, por alguma razão,
é chamado de eleição", concluiu
Zyuganov.
Um partido precisa obter pelo
menos 5% dos votos para conseguir assentos na Duma. Os votos
obtidos por partidos que não conseguirem atingir essa marca são
divididos entre os vencedores.
Os resultados preliminares dessa eleição, a quarta após o colapso
do comunismo há mais de uma
década, devem concentrar ainda
mais o poder nas mãos de Putin e
abrir caminho para o combate à
corrupção e a implantação de reformas, constantemente adiadas,
para atrair novos investimentos.
Quando foi votar, Putin deixou
claro seu apoio ao Rússia Unida,
um partido criado às pressas antes da última eleição para assegurar a ascensão do sucessor de Boris Ieltsin. "Minha preferência é
bem conhecida", disse Putin.
"Oligarcas"
A cruzada do presidente contra
os chamados "oligarcas", que
enriqueceram na década passada
graças ao processo de privatização aprovado pelo antecessor de
Putin, Boris Ieltsin, levou sua popularidade a estratosféricos 82%,
de acordo com pesquisas de opinião recentes.
Embora os níveis de desigualdade socioeconômica da sociedade
russa sejam comparáveis aos da
brasileira, a economia também
joga a favor do presidente. Nos últimos cinco anos, a média anual
de crescimento do país foi de
6,6%, segundo a agência de notícias Bloomberg.
Mas para os eleitores, questões
mais simples como a pobreza generalizada -20% da população
russa vive no limite da pobreza total-, a corrupção na administração pública, a reforma do sistema
habitacional -que pode garantir
acesso mais fácil à calefação- e a
segurança parecem, por ora, ser
mais importantes.
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