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ANÁLISE
Maioria na Duma é só o primeiro objetivo do presidente
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
O presidente Vladimir Putin deverá atingir seu objetivo de consolidar seu poder por meio de uma
vitória folgada de seu partido
Rússia Unida e das formações que
o apóiam na eleição legislativa, o
que lhe dará maioria na Duma (a
Câmara Baixa do Parlamento),
segundo pesquisas de boca-de-urna e resultados parciais divulgados após o término da votação.
A principal meta de Putin é, todavia, obter a reeleição em março
de 2004. A vitória no pleito legislativo constitui um passo importante em seu projeto, visto que,
além de lhe assegurar mais espaço
na mídia na campanha presidencial, mostra que o eleitorado russo
continua a respaldar seu governo.
Seus elevados níveis de popularidade já indicavam isso antes,
mas o grave ataque a um trem de
passageiros ocorrido perto da
Tchetchênia, na última sexta-feira, que matou dezenas de pessoas,
poderia ter atenuado o apoio popular à sua administração. Afinal,
Putin vinha sustentando que o
"problema tchetcheno estava resolvido". E, conforme explicitou
esse atentado, sua versão não correspondia à realidade.
A questão tchetchena, que ajudou a levar Putin à Presidência
-graças à sua "firmeza" contra
os rebeldes separatistas-, não
parece, portanto, interessar mais
aos desiludidos eleitores russos.
A cruzada de Putin contra os
chamados "oligarcas", empresários que enriqueceram na década
de 90 com o controverso processo
de privatização aprovado pelo ex-presidente Boris Ieltsin, foi mais
relevante para fortalecer seu controle sobre a cena política russa.
Ademais, o considerável crescimento econômico da Rússia nos
últimos anos -mais de 6% em
média- favorece seu balanço como presidente, embora 20% da
população do país ainda viva com
menos de US$ 70 por mês.
Se reeleito, contudo, Putin deverá privilegiar programas socioeconômicos para atenuar a preocupante desigualdade social, não
só o crescimento. A Rússia não é
mais uma grande potência, mas
ainda tem enorme potencial.
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