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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Terroristas não chegam a acordo final sobre cessar-fogo; vice de Sharon defende retirada de partes de áreas palestinas

Divergências minam trégua palestina

Hazem Bader/France Presse
Soldado de Israel venda olhos de palestino em ação em Hebron (Cisjordânia); Hamas condiciona a trégua ao fim dessas operações


DA REDAÇÃO

Os grupos terroristas palestinos não chegaram a um acordo final para um cessar-fogo nos ataques contra israelenses, após quatro dias de negociações no Cairo (Egito), que envolveram inclusive o premiê palestino, Ahmed Korei.
Em Jerusalém, o vice-premiê israelense, Ehud Olmert, propôs, em reunião de gabinete, que Israel se retire unilateralmente de partes da Cisjordânia.
O fracasso na negociação da trégua deve atrapalhar a retomada das negociações de paz no âmbito governamental entre palestinos e israelenses. O cessar-fogo seria o principal trunfo de Korei em um possível diálogo com o premiê de Israel, Ariel Sharon. Autoridades palestinas e israelenses já negociavam reunião entre Korei e Sharon para os próximos dias, apesar de não haver data definida.
"As conversações chegaram ao fim. Não houve acordo sobre a proposta do Egito [mediador da negociação] para um cessar-fogo total ou para autorizar a Autoridade Nacional Palestina (ANP) a seguir adiante com as negociações de paz", disse Husam Arafat, um dos líderes do grupo terrorista Frente Popular para Libertação da Palestina-Comando Geral.
O comunicado oficial da negociação que será divulgado não fará menções a ataques contra civis, segundo Samir Ghosheh, líder da Frente de Luta Palestina, um dos vários grupos que participaram do encontro no Cairo.
Anteontem, os grupos palestinos anunciaram que eles haviam chegado a um acordo de cessar-fogo condicional, no qual civis israelenses não seriam mais alvo de ataques.
O Fatah (facção política de Korei e do presidente da ANP, Iasser Arafat) estava pressionando por uma trégua incondicional, mas o Hamas não concordou.
O Hamas exige que israelenses e americanos dêem garantias, antes do anúncio do cessar-fogo, de que as forças de Israel não realizarão operações militares nos territórios palestinos.
Há também divergências sobre se os grupos palestinos devem dar autorização para que Korei negocie com Israel -apesar de essa medida não ser necessária para que o premiê se reúna com autoridades israelenses.
No acordo proposto anteriormente, os grupos se comprometiam a não atacarem nenhum israelense além da linha verde (divisão entre os territórios palestinas e Israel), mas não mencionava soldados e colonos judeus na Cisjordânia e na faixa de Gaza.

Retirada
Olmert propôs, em entrevista ao diário israelense "Yedioth Aharonoth" e posteriormente ao gabinete israelense, que Israel se retire unilateralmente de partes da Cisjordânia e da faixa de Gaza e de alguns subúrbios de Jerusalém.
Porém a proposta de Olmert foi recebida com duras críticas por integrantes mais radicais do conservador gabinete de Sharon.
"Se seguirmos Olmert e retornarmos para as fronteiras anteriores a 1967, cedendo Jerusalém e o Muro das Lamentações, os ataques terroristas vão acabar?", ironizou o ministro dos Transportes, Avigdor Lieberman -Olmert não falou de quais partes Israel deveria sair.
Segundo o vice-premiê, o ideal seria que a maior parte dos judeus pudesse viver no que hoje é Israel. E, por esse motivo, seria preciso a retirada de muitos colonos que habitam assentamentos na Cisjordânia e na faixa de Gaza.
O ministro sem pasta Effie Eitam, do Partido Nacional Religioso (pró-assentamentos), afirmou que as declarações de Olmert são uma rendição ao terrorismo.
Sharon, segundo pessoas que estiveram presentes à reunião de gabinete, preferiu não expressar a sua opinião sobre a proposta de seu vice, para evitar que ocorressem novas confrontações.

Com agências internacionais


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